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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Os mexericos da polis

Hoje em dia, qualquer cidade que se preze tem orgulho dos seus mexericos, ainda que eles sejam apenas isso, mexericos dali e de acolá que preenchem a vida social activa que temos em Setúbal.

Fui pesquisar e abri a minha página da internet (assegurando a minha ligação ao mundo com a rapidez de um clique) e logo descortinei as notícias da cidade que faziam manchete na página on-line do jornal “O Setubalense”.
A primeira para que olhei foi “Moradores aguardam corrimão há 10 anos”. Ora, nada melhor que colocar-me a par dos queixumes dos cidadãos, e por isso procedi à leitura do artigo que, passado um minuto, já tinha um desfecho óbvio, aliás, recorrente de norte a sul de Portugal: a Câmara Municipal ainda não tinha resolvido o problema da camada essencialmente idosa que habita aquela zona, desprovida de corrimão em dois lances de escadas. Mas não se iludam; depois de saber que uma solução tão simples que é destacar dois homens de fato-de-macaco para pregar um corrimão ao chão é uma operação que demora 10 anos… nem quis imaginar que tipo de notícias de vida social activa tinha a página on-line.


A seguir li o título “Moradores queixam-se de actos de vandalismo e desordem”, que tratava um caso de desacatos constantes próximos a um café no Bairro Afonso Costa. Durante a madrugada, dizia a notícia, o vandalismo e os ruídos eram mais que muitos, tanto assim que a polícia foi várias noites chamada ao local para averiguar os acontecimentos. É certo que ninguém gosta de dormir ao som de estilhaços de garrafas de cerveja barata nem ao som de gritos e risos de quem está “coradinho”, mas este é outro pequeno exemplo de como, à falta provável de notícias verdadeiramente escandalosas ou excitantes, se aproveita tudo para poder ocupar espaço num dos jornais da cidade que se dedica a registar os fenómenos sociais que temos por cá.

Para terminar, em igual destaque apresentava-se: “Dores Meira mostra descontentamento da câmara e dos utentes à TST”, depois de esta empresa ter decidido, como quem muda de roupa, que o trajecto Bela Vista - Mercado já não se justificava fazer. No entanto, lá esteve então com prontidão a nossa estimada autarca que, embrenhada no povo sadino, testemunhou as dificuldades dos queixosos que se viram desamparados pelo percurso abolido da carreira nº 615.
E, assim, constato que a vida social de cá é activa até certo ponto: à excepção dos desacatos à porta de um café, que aí sim envolvem pessoas a deambular e a tropeçar pela rua, nos outros casos a actividade não se verifica, no seu sentido literal, obviamente. Porque o que não falta cá são problemas para dar e vender.

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