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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Natal que se preze tem neve... Mas cá?!

O Natal caracteriza-se pela neve que pinta de branco as casas e cidades, jardins e ruas inteiras. A neve fofinha reveste todas as superfícies e proporciona grandes cenários de Inverno, onde as lareiras aquecem as pessoas, que estão fechadas em casa, guardadas pelo boneco de cenoura espetada a espreitar no quintal.


Porém, em Portugal só neva no Norte, e isso deve-se ao clima temperado que nos brinda com temperaturas nem muito baixas, nem muito elevadas, salvo raras excepções de extremos meteorológicos, como no dia em que nevou em toda a Margem Sul… durante 15 minutos. Nem bolas deu para fazer. Mas, como já se sabe, o povo português gosta de adaptar-se às situações e por isso viver um Natal sem neve não é cenário aceitável.
E é assim que, para além dos chineses que, como lhes está no sangue, inventam de tudo e mais alguma coisa, os portugueses também resolvem aldrabar. Senão reparem: salvo erro, em 2005, a baixa da nossa cidade, para além das suas iluminações, teve a oportunidade de receber um pouquinho de neve artificial (comprada em quantidades industriais a uma loja de artigos de higiene e bem-estar, porque o que chamavam “neve” era o que era expelido por uma máquina instalada nos andaimes de uma praça do centro da baixa). Mas não deixou de cair neve, ou melhor, de voar neve, porque, com o vento, as bolas de sabão não caíam na vertical e por conseguinte o fenómeno recriado nem tão pouco chegava ao mais ínfimo grau de realismo.

Com efeito, e de forma a engrandecer a iniciativa dos comerciantes, a TVI foi ao local para dar a notícia escandalosa da “Neve em Setúbal!”, por entre os jovens e famílias setubalenses que, de guarda-chuvas abertos e cachecóis da Benettom – para fingir que estava muito frio – se mostravam contentes com a recriação de pouca dura. Sim, porque convém não esquecer que a neve só caía dentro de determinados períodos, o que na realidade não se verifica.

Concluindo, no nosso país faz-se de tudo para tentar imitar os costumes dos outros que têm neve às carradas. Por isso, cá, contentamo-nos com neve artificial e em spray, para pormos nas janelas, a contar que, no fim das festividades, se limpará facilmente.

Vivemos num Natal de ilusão, num Natal que, sem neve, não é o verdadeiro. Mas nós gostamos do que temos!





sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A "cagufa" do inevitável.

Já há vários anos que se fazem filmes a prever o fim dos nossos dias, com base em diferentes argumentos (desde um ataque de ET’s à Terra com naves voadoras a vulcões altamente explosivos que atiram tudo pelos ares e destroem cidades inteiras). Como temos vindo a reparar, existe como que uma necessidade de prever o futuro e de ganhar dinheiro fazendo filmes com essas temáticas sensibilizadoras, ou não, que acabam por atrair multidões às salas de cinema de todo o mundo.
Pois bem, cá estou eu para vos fazer ver que nem tudo vale a pena de ser visto, porque por mais cenários que se conjecturem, no fim acaba tudo por não passar da ficção (especialmente naqueles filmes futuristas que já metem furacões feitos através de computadores, onde um ganancioso quer controlar o clima mundial e no fim a coisa acaba feia).
Aqui está uma lista de filmes que nos últimos anos chegaram aos cinemas para posteriormente os comprarmos em DVD para ver em casa (e que passam na TVI o ano todo). O Dia Depois de Amanhã é um dos óptimos exemplos que foge à regra das invenções nos argumentos, pois aí faz-se uma previsão das maiores catástrofes mundiais causadas pelo Aquecimento Global. Então, Nova Iorque é submersa por um tsunami de gigantescas proporções que afoga a Estátua da Liberdade, mais tarde petrificada no meio do gelo da nova Era Glaciar. Já a Guerra dos Mundos foi mais longe e mostrou-nos outras das prováveis (mas muito imaginativas) maneiras da extinção da espécie humana. Várias cidades americanas são assoladas por tempestades de trovoada e dali a nada erguem-se do subsolo máquinas de carnificina que, manobradas por ET’s – aí está – queimam e matam tudo na sua passagem.

Por último, e porque a verdadeira lista dos filmes mais futuristas que teimam a todo o custo assustar as pessoas (ainda vivas) que depois em casa se metem a pensar seriamente no que cá andam a fazer, temos o mais recente e já estreado filme 2012, onde um calendário dos Maias é posto à prova para ver se as profecias estavam certas. E pelos trailers a coisa promete, pois não só temos 1000 dilúvios de Noé condensados a submergir os Himalaias, como também podemos apreciar a destruição maciça de Los Angeles (enquanto um avião sobrevoa a cidade por entre os destroços de pontes a cair e a esmagar por entre as inundações os milhares de pessoas presas no famoso e típico tráfego automóvel no meio ainda de edifícios rachados simetricamente.

Dois mil e doze é um filme para ver e rever, porque ninguém fica indiferente às suas frases alarmistas do “prepare-se porque o seu fim está a chegar mais depressa do que julga”.

Enfim, temos todos a cagufa do inevitável: a nossa própria extinção.







quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O milagre das negociações.

Antes de mais, aqui deixo uma advertência ao leitor que teve a feliz ideia de tentar interpretar este artigo: como o tema que me fez escrever este texto não me proporcionou qualquer tipo de substância de escrita, aqui posso apenas deixar a minha opinião pessoal.
Podemos começar por recuar um pouco no tempo, até àqueles tempos em que havia uma ministra que, aliada ao Primeiro-Ministro, pouco ou nada dizia aos professores e sindicatos, e que quando dizia alguma coisa era para mudar as leis… para pior. Com as eleições isso mudou, porque fartos da “Lurdinhas” estavam os docentes e alunos. Então surgiu uma nova personalidade, que assim que recebeu a pasta para a qual não tinha sido convidada – disse-nos ela -, no dia seguinte já aceitara o cargo como quem não quis a coisa.

Tratei imediatamente de traçar o seu perfil enquanto nova Ministra da Educação: Isabel Alçada, escritora de livros infanto-juvenis e anterior directora do Plano Nacional de Leitura com slogan nada convidativo “Ler +”, disposta a negociar com sindicatos e FENPROF, na medida em que as negociações serão para negociar sobre o que está em cima da mesa, neste caso (e arrastando-se há anos), o modelo de avaliação, esse bicho materializado em papéis e papelinhos “ditatoriais” e em aulas assistidas para os professores que quiseram. Então cá está: o milagre das negociações, o milagre por que todos aguardavam já impacientes e desejosos de encher Lisboa com mais manifs de entupir a Capital com milhares de docentes em plenos pulmões. Mas foram mais as exigências feitas. Como o Estatuto da Carreira Docente não agradou à maioria, bem como o modelo de avaliação (mal) adoptado nas escolas, os professores contestaram, mas não obtiveram novamente a resposta prometedora do “estou disposta a negociar”, porque isso já não agradou à ministra.

Então ficámos um tanto ou quanto - senão mesmo na mesma -, sendo que se os modelos, estatutos e demais conceitos não forem abolidos ou suspensos, continuarão as manifestações de cortar o trânsito em Lisboa, sustentando assim os desentendimentos entre Ministério e Plataformas Sindicais (podendo conduzir, em casos mais extremos, ao arremesso de novas paletes de ovos de marca Pingo Doce).

Um cenário demasiado negro, eu sei. Mas é assim: por enquanto, temos uma ministra que se diz “disposta a negociar”… e disso não passa. Será “sol de inverno e de pouca dura?”



sábado, 7 de novembro de 2009

TOP 9 Verdades bem Metidas

Ai as crises, ai as crises…

É um erro comum em Portugal quererem fazer obras públicas em plena crise económica. Vem a crise, um ano depois dá-se com ela, e entretanto já está metade dos portugueses no desemprego que serve de desculpa para tudo o que o Sócrates fez mal.

As touradas nacionais

E na política?! São umas touradas… com cornos e tudo! Olhem o Pinho! Foi recambiado da assembleia e mandado de “castigo” para o Algarve! E que castigo, ao sol e no bem bom. A tourada abriu o apetite...

A comichão dos aeroportos

A OTA era um pântano que em vez de pôr os aviões a aterrar os ia pô-los a afundar. A Portela estava sobrelotada com 50 aviões por hora e a fazer obras de restauro (numa coisa que supostamente ia a demolir…).
Já Alcochete foi a solução ideal para construir o novo aeroporto (onde aí sim, a passarada rara que voasse por ali não correria riscos de bater com a cabeça em sacos de compras de um shopping ilegal).

TGV: Tanta Gente a não Ver nada

E depois o TGV, para ligar o país à Europa. Era chegar a Espanha e dizer: «Ai já não continua? O que é que há do outro lado? Nada?! Que pobreza…» Foi tanto troço, tanto troço que ninguém chegou a acordo e ainda nada começou. Nem ver pedras! Nem ver carris! Nem ver… nada! Bem, nada, também não, que sempre se vê o dinheiro dos nossos impostos a ser gasto ao sabor do vento… muitas das vezes para ir parar às câmaras que fazem Polis duvidosos de levantar calçada e pôr buracos.

Hospitais na rodovia

Há anos andaram a fechar as urgências todas do país e depois as mães queixaram-se de dar à luz dentro das ambulâncias, nas auto-estradas nacionais (sendo as mais comuns a CREL e o VCI, não sei porquê…). É claro que depois os moços tinham de dizer «Sou natural da freguesia IC20, quilómetro 17.» Coitados, começavam logo de pequenos a ingressar nas Estradas de Portugal…

Tanta coisa e nada…

Depois deu uma panca aos camionistas e o país quase parou: camiões bloqueados, não havia combustíveis… uma loucura de norte a sul que foi uma coisa parva. Um mês depois viu-se como as forças de segurança não conseguem controlar as situações, com os taxistas a ameaçar entupir a Capital. Era da maneira que naquele dia se poupava nos transportes, mas para desgosto de muitos, tal não chegou a acontecer.

Há tanto e não se usa…

As pontes, que Portugal tem falta de pontes! Ou terá falta de inteligência? Bem, de alguma destas coisas terá, senão não queriam fazer uma ponte sobre o Tejo para as moscas passearem.
Sim, porque vai tudo pela 25 de Abril, a Vasco da Gama é para os flamingos e a outra será para as vacas do Barreiro (com as moscas a sobrevoar). Tanto tráfego!... E os impactos ambientais? É que depois os barcos não passavam! E o barulho? Lá se iam os mugidos da animalada.

Mundial ou não, por cá há sempre mais

Outro problema à escala mundial: o crime. Por alguma razão tivemos uma onda de criminalidade violenta por cá: ou foi porque os ladrões estavam a sair todos da cadeia ao mesmo tempo (porque um juiz já estava farto…) ou então porque os polícias estavam a tirar férias – muito provável – ou ainda porque puseram nas montras das lojas “ASSALTEM-ME!”, uma hipótese bastante plausível no contexto da realidade portuguesa. E quanto às designações?! Sim, porque por cá há muitas alergias! Só passado um ano é que os senhores da Administrarão Interna perceberam que “carjacking” era um estrangeirismo…

O ensino de manifestar

No ano escolar de 2008-2009 muita coisa mudou.
As manifestações foram mais que muitas, o Sócrates foi gozado e a Ministra da Educação levou com uns ovos podres da Auchan.
A par disso, as aulas atrasaram-se, houve greves bem metidas e tudo foi pretexto para faltar.
O problema foi quando veio o Magalhães… fabricado numa fábrica em Portugal, a J.P. Sá Couto, que anos depois viria a tornar-se “duvidosa” aos olhares dos tribunais. Afinal, nada em Portugal é 100% seguro. Vão por mim, porque até as bandeiras do Euro foram feitas na China.














Portugal... um país cheio de pancas! 2

Novamente outro acontecimento que se presencia todos os anos. Por mais que se diga “não vá para as estradas no mesmo dia que os outros automobilistas”, as pessoas vão na mesma e depois queixam-se de passar 3 horas nos engarrafamentos. Assim, é o mesmo que dizer “vá à sua vontadinha, e tente acreditar que não há carros na rua”. Quer dizer, é parvoíce. É macacada.

Depois as televisões abrem noticiários com as câmaras das Estradas de Portugal. Como não têm notícias escandalosas dignas de abertura, vão lá chatear os homens que na mesma noite chegam a ter 3 canais de TV em directos sem propósitos, onde se mostra a muito custo “supostos” engarrafamentos na Capital e no Algarve. E não há nada, eles é que fingem e dizem que há muita afluência. Mas não há nada.

Portugal... um país cheio de pancas! : Lavar as mãos.


Diziam há dias, por aí, que lavar as mãos não era hábito dos portugueses. É claro que desde pequenos que ouvíamos «vai lavar as mãos antes de ir para a mesa, vai lá», mas depois ninguém ía e ninguém lavava nada. No que dava? Paragens de digestão a torto e a direito nos infantários.
Veio então a Gripe Aviária (oriunda dos Frangos da Guia constipados) que pôs tudo nas casas de banho. Era ao almoço, ao jantar, ao lanche… Era tudo a lavar as mãos como se não houvesse amanhã! Imaginem: ia uma senhora ao Jumbo, pega no pacote do frango e pensa para consigo: «Ai que nojeira! Alguma vez um frango me vai infectar! Vou já lavar as mãos!». Depois a estirpe da gripe evoluiu e passou das aves para os porcos (tudo isto em escassos anos de evolução). Aí o caso mudou para Gripe Suína. Para além das 3 vezes diárias de lavagem das mãos, os portugueses começaram a fazer lavasquices 4 vezes por dia! Era lavar, lavar, lavar.
Mas só depois, quando a gripe mudou de genes, é que a situação piorou. Um engripado espirrou no hospital, o vírus saltou pela janela e foi cair em cima de uma galinha. A bicharoca, coitadita, assustada, cambaleou até um porco e espirrou! Vai daí, vem o tratador dos animais que espirra para cima do porco, que volta a espirrar na galinha, que volta para espirrar num humano. Canja e caldo verde! Pouco bastou para a gripe se espalhar. Mas mesmo assim, as mãos dos portugueses continuavam sujas.

Veio então a Ministra Ana Jorge que decretou que «todos tinham de passar a lavar as mãos», e assim foi.
Num inquérito, 92% das pessoas admitiu ter mais cuidados de higiene, tudo por causa de uma gripe duvidosa e de nome muito curto, A, que não passa dos papéis expostos nas casas de banho públicas, nos restaurantes, cinemas e em todo o tipo de sítios que possamos imaginar (mas que tenham lavatório e torneira, obviamente).Ah, e a parte mais gira é que depois de lavarmos muito bem as mãos como eles lá dizem e de chegarmos finalmente ao passo «agora as suas mãos estão limpas e seguras», temos de tocar na maçaneta da porta do wc para sairmos. Lá se sujam outra vez. Qualquer dia já nem há nada para lavar, tal não são as vezes em que lavamos as mãos a cada dia que passa. «Vais à casa de banho fazer o quê? Lavar as mãos?
-…Já não as tens!».







Uma Tróia que não foi feita para todos...

Com o mega-complexo turístico na sua fase final, para trás ficaram memórias e recordações daqueles que eram tempos alegres, de convívio e de férias familiares. Em lugar das praias e dunas ditas protegidas, há agora uma marina de luxo que ostenta à sua frente um imponente casino-hotel, onde outrora existiam algumas casas e vegetação. Mas os tempos mudam, as cidades evoluem, e neste caso não podia evitar-se que património como este fosse danificado para dar lugar àquilo a que chamaram os empresários de “importante pólo turístico regional”.

Tróia tornou-se assim privatizada e de usufruto das classes privilegiadas, e de acesso quase impedido aos setubalenses, que, com muita ginástica financeira, se deslocavam até ali. Os ferries, esses, são mais rápidos, mas o dinheiro das travessias duplicou. Mas não é este o maior problema, se tivermos em conta todos os outros, como a degradação dos territórios e o impacto ambiental associado às grandes construções, numa altura em que são levadas a cabo tantas campanhas contra a poluição. Se virmos bem, decerto que todo aquele empreendimento está a danificar a paisagem, que de um ano para o outro mudou drasticamente com as construções de cimento, disfarçadas com plantinhas e arbustos… e muita madeira para tornar os recintos mais arejados. Há já quem diga que “ali aterrou uma nave espacial”, que representa assim um obstáculo para o povo que até então ia para Tróia, que está agora diferente, sem partes de si em sem memórias.

É uma Tróia para o luxo, onde só lá pode ir quem pode… e não todos, como dantes!





Férias em Setúbal... com Programa Polis!

Nos dias que correm, em resultado de uma sociedade cada vez mais acelerada (e gorda), é já certo dizer que cada vez que temos algum tempo livre, o passamos a descansar. A descansar, nas compras, ou a enfardar no McDonald’s. Prova disso são as enchentes nas praias (e no McDonald’s), os passeios no Parque do Bonfim e outras caminhadas, quando nos brinda o bom tempo. E de facto dispomos de belezas inigualáveis, como é o caso da Serra da Arrábida (negra) banhada pelo Rio Sado, com os seus golfinhos (já em número reduzido, infelizmente, e muito assustadiços).
Esta reportagem tem por isso como objectivo divulgar aos cidadãos o que fazem os (outros) setubalenses, nos seus tempos livres, ao Sol, sem ser apanhar escaldões e ler revistas com a Maya vestida de trajes menores (deitada na capa).

A realidade portuguesa não se resume a “praias”, “belezas naturais” nem apenas a “descanso”. Na verdade, resume-se a “crise”, “mentiras” e “Sócrates”. E é claro que não; aliás, em Portugal é muito raro e difícil essas três coisas (as “praias”, as “belezas naturais” e o “descanso”) aparecerem juntas ao mesmo tempo. Vejamos: passar férias em Setúbal não é fácil. Não temos museus nem nada que o valha (porque o Museu do Trabalho não conta, sendo que está enfiado no topo do Quebedo onde nunca há lugar para o carro), nem contando com a Biblioteca Municipal – que nem é museu – e que tem carradas de livros, desactualizados e poeirentos.
Depois, não há o melhor, que são os centros comerciais. Temos sempre a baixa, mas tendo em conta que com o calor as pessoas desmaiam nas ruas… e que com frio a rede eléctrica vai abaixo por sobrecarga dos aquecedores, digamos que a baixa não é o melhor centro de compras. Como solução tínhamos a Aranguês, que actualmente só tem cafés e lojas fechadas, e outras que abrem às quintas.

Ainda querem que diga mais?
Sem lojas e sem museus, temos os jardins. Ah, mas aí há outros problemas. No Bonfim há um tanque (perdão, um lago) que até nos refresca do calor, mas só refresca quando passamos a 3 centímetros da água (estagnada), que no caso das crianças é perigoso. E depois temos a beira-mar, que como indica o nome está à beira do mar. Para nos podermos sentar nos poucos (e deteriorados) bancos que lá estão… é preciso escolhê-los a dedo para evitar os rasgões (e as manchas de chichi ou de outra bodega qualquer) nas nossas lindas calças compradas em saldos na Mango.

Sem jardins, sem compras e sem museus, vamos ver se há actividade nocturna e cultural.
A primeira é muito difícil de arranjar. Actividade já há pouca e nocturna nem vê-la. Os bares estão todos fechados em plenas quintas à noite, em mês de Agosto. Segundo me contaram, o Bar “Três Quinze Dias” nem aberto nem fechado (pois claro, se só abre de três em quinze dias!) e outros tantos que tais, dos quais não me recordo, também nem vê-los lá com pessoas. E o que fazemos nós, sem bar que nos sirva? Vamos para a pastelaria do Jumbo pedir queques com café?! Depois a actividade, que como disse já é escassa na nossa cidade.
Por mais que tentem não a encontram, nem indo ao Parque Urbano para ver velhinhos a fazer fitness. Bem, mas é fácil arranjar, disso não há dúvidas: metam-se na avenida e tentem passar os cruzamentos com semáforos desligados para verem se não correm… Correm e não é pouco! (E se não corressem, digamos que iam parar à maca, o que não era nada agradável, a começar pelas comidas embaladas do hospital).



Por fim (que isto já está a fartar de não haver nada) as vidas culturais, digam-se de passagem; nulas, por cá.
Os museus são poucos e os granditos (com cerca de 1 andar) vêem-se em meia-hora; só o trabalho de lá ir deixa-nos a suar em bica... Só para não falar do Fórum que está todo esventrado e não há meio de andar p’rá frente com tanta obra e obrita que lá querem fazer: eles são salões, eles são cafés, eles são terraços, eles são centros de exposições, eles são TANTO tralhedo que com TANTO projecto não há dinheiro que chegue!
E diga-se, que quando eu falo digo de tudo! Mesmo se o Fórum estivesse a funcionar, a cultura na cidade nunca havia de andar!



Como se constata, nesta cidade não há assim muito que se faça nas férias (sem ser ir ao Jumbo e vasculhar nas caixinhas promocionais de “1€” coisas que já na semana passada estavam lá); ou então ir lá para ver um filme nos cinemas - que enchem porque não há mais sítio onde ir.
As pessoas vão todas para lá e depois são as bonitas: as empregadas dos bilhetes ficam fulas (e não é com o azeite), depois as empregadas do bar dormem porque não vai lá ninguém e vai tudo para as pipocas… que têm uma pessoa a servir tudo e a vender os bilhetes. São umas bichas que chegam ao restaurante do Self-Service! E depois ainda vêm com crises daquilo e crises daqueloutro.



Uma aventura no camping! : As refeições (tipicamente rurais).

Outra das maiores cargas dos trabalhos relaciona-se com as refeições, tão importantes e indispensáveis (que para mim nem são assim tanto), estejamos no campo ou na cidade, sendo que por esta ordem de ideias quem vive no oceano ou numa ilha não come. Pois, e como vão ver (neste caso ler), confeccionar uma refeição mesmo na tenda dá de facto trabalheira; trabalheira que era contornada (e muito gostamos nós portugueses de contornar coisas!) comendo no restaurante do parque… se houvesse algum, o que neste caso não se verifica. Por isso, vamos mesmo ter de cozinhar na tenda…
As condições para se fazer e comer a comida não são nada do que possam imaginar (porque se calhar estão a pensar em guardanapinhos de pano, pratinhos e copinhos da Vista Alegre, talheres de Inox, música ambiente com violinos e até numa máquina milagrosa que faz tudo sozinha - a Bimby). No camping não há mesmo nada disso, por isso há que desenrascar. Se quiserem um fogão, o mais que se pode amanhar é uma botija azul da CampingGás (que funciona a fósforos) com uma base metálica por cima onde são colocadas as panelas de metal um pouco poeirentas, com doses duvidosas de arroz, que são sempre mais fáceis de fazer. A acompanhar o arroz temos umas “salsichas à lá campingue”, enriquecidas com uma alface trazida de casa (e seguramente já não muito saudável) mas que ainda se ingere, que por outras palavras ainda “marcha”.
Depois de fazermos o arroz e de quase pegarmos fogo à tenda do lado, podemo-nos sentar nuns banquinhos multi-funções e começar a retirar do pacote da Auchan os pratos de plástico, os copos e os talheres (ainda de plástico) com que iremos espetar o fiambre de marcas brancas, juntamente com umas aguinhas quentinhas acabadas de sair do forno do carro (ou se conseguirmos arranjar, com uns escritos à portuguesa “fruteas aice teas” de marcas duvidosas, vindas de Espanha).
E assim comemos com os pratos e tudo em cima dos joelhos, porque a mesa de campismo já não coube no carro (vá-se lá saber porquê). E depois… o ambiente de que tanto estavam à espera! Em vez dos violinos (que vos passaram pela cabeça não sei porquê – deve ser por andarem a ver muito filme romântico; é o que dá) temos as não menos agradáveis sinfonias melodiosas e bem cheirosas… que nos chegam das casas de banho a escassos metros da tenda. É do género “♫ prooooooummmmmm (som do autoclismo) mais ♪ pum! (som da porta escancarada a fechar-se) mais ♫ tcheeeee (som da água barrenta que sai das torneiras onde as pessoas lavam as mãos)”. São giríssimos os concertos de que dispomos ao jantar à porta dos balneários, não são? São de borla e até são melhores que os do CCB! CCB: Centro Com Buracos financeiros, em Lisboa.
Serve-se agora a esplêndida refeição final: arroz branco com salsichas, alface e batata-frita, ice tea de aroma não-identificado e fiambre de marcas brancas.

É assim que se come no campismo: à base de comida-rápida comprada em mercearias, acompanhada de refrigerantes “saudáveis” açucarados. É bom para engordar, é bom para poupar: é o que se quer.


Missão Impossível: estacionar em Setúbal!

«Se nos pusermos à escuta, nesta pequena cidade, podemos concluir que (com todas as certezas deste mundo) os setubalenses estão tudo menos satisfeitos com um PEQUENO pormenor chamado… estacionamentos. Pois é, meus caros amigos, o Programa Polis tratou de pôr a cidade mais bonita e convidativa ao turismo, mas esqueceu-se que as pessoas precisam de estacionar os seus veículos nalgum sítio. Como tal, esse erro causou nada mais, nada menos, que uma caça ao estacionamento (isto nos primeiros dias) porque depois de perceberem que não havia mesmo solução, estes tão desenrascados cidadãos começaram a estacionar os seus carros na estrada (e não, não estou a exagerar, quando digo na estrada) pois estes veículos chegam a ocupar uma via inteira da avenida. (É um espectáculo bonito de se ver, com direito a áudio e tudo) cada vez que um (pobre e coitado) indivíduo não consegue passar por um certo caminho devido a um carro mal estacionado, podendo ouvir-se as buzinadelas e a gritaria de meia-noite causadas por todo o stress acumulado nas pessoas.
E como não podia deixar de ser, conseguimos observar um enorme cartaz na avenida que resume tudo nestas palavras: «Apá sóce, isto aqui é 'qué o Polis do PCP?! Menos estacionamentos, mais engarrafamentos!»

Como constatam, o problema dos estacionamentos até já chegou às escolas e à cabeça da minha colega que se prontificou (e muito bem) a redigir este magnifico texto.

Setúbal... uma cidade inédita: A Praça de Touros

Chegámos agora a um local muito engraçado. Pode dizer-se que foi aqui (de acordo com o que muitos dizem) que para além das planícies do estado do Colorado, nos EUA, se encenou a aterragem do Homem na Lua (desta vez em Portugal) noticiada na TV inúmeras vezes. É isso mesmo. Podem não acreditar, mas com toda aquela poeirada que há para lá, aquele foi o local óptimo para reconstituírem a aterragem das naves, porque nem era preciso máquinas de fumo para os efeitos-especiais: a poeira chegou e sobrou. Mas vamos ao que interessa. A Praça de Touros é uma construção antiga, amarela e vermelha e que só serve para receber touradas (quando dá uma panca à TVI que faz dar uso à estrutura). Assim, não sei se já lá foram, mas aquilo nem é muito grande e já não está nas suas melhores condições, estando o metal a partir-se, as cadeiras a cheirar mal e as bilheteiras exteriores desactivadas. Ah, mas ainda assim o mamarracho tem uso, ah pois tem. É quando lá fazem volta e meia as marchas (um evento que todos sabemos como é – com meia-dúzia de gatos-pingados vestidos de formas cómicas a agarrar estruturas de aço de 5 toneladas decoradas com fitas-de-natal) e quando lá fazem, esperem, há outro evento que eles fazem… ah, já sei, marchas! Ou seja, a praça de touros serve para tudo menos para tourear ou fazer algo parecido; serve sim para as marchas (que até se fazem duas vezes, para eles - a malta da organização - poderem dizer que têm uma agenda cultural muito ocupada). E para terminar, é comovente dizer isto, mas quando as pessoas saem da tourada, ou seja do que for que ali tiver sido apresentado, dirigem-se para a Casinha da Tia São, que é (desculpem, estou a soluçar) um restaurante de take-away… (soluço) horrível e… (soluço) que só faz mal (tragam-me um lenço!) à saúde.
E a chorar, chocado, retiro-me…

Setúbal... uma cidade inédita: Aranguês 3

Ah, está na hora de almoçar! Quando damos por nós já é uma e meia e temos de comer. Mas onde? No café da esquina onde só se vende bolaria gordurosa ou então saladas de alface com rios de maionese? No restaurante de carnes que vende bifes todos duros, mais duros que a Pedra da Anicha?! Ah, não, não pode ser aí. Temos de ir à PizzaHut, que é o melhor local para se almoçar, uma vez que podemos comer pizzas, beber refrigerantes, comer mousses e todo o tipo de alimentos verdinhos, nutritivos (como os que enumerei) e que por isso fazem bem à saúde (pelos menos, é o que eles dizem). É mesmo aí que vamos almoçar. Para isso, entramos, e, se formos só lá buscar a comida para levar para casa… temos de ficar de pé, porque não há cadeiras ao pé do balcão. E assim permanecemos atrás de todas aquelas pessoas que ora vão lá para comprar comida para os filhos, ora vão para ir buscar as grandes pizzas familiares com litradas de Coca-Cola (que eu, pessoalmente, não gosto de beber). Pois bem, e quando já são cerca de duas da tarde é que chega a nossa vez de sermos atendidos, já a pizza estava fria, já o queijo estava ressequido de tanto estar ali ao ar. Mas pronto, o que é que se há-de fazer? Quando queremos ir ao take-away da PizzaHut da Aranguês convém acordar por volta das nove da madrugada (mas eles só começam a servir as pizzas a partir do meio-dia).

Ah, mas ainda não acabaram as críticas àquele que é o restaurante mais engraçado da cidade. Então não é que as funcionárias que estão ao balcão se enganam a registar os pedidos dos menus?! Pois é, se não estivermos com a atenção virada para aquilo, elas podem marcar lá todo o tipo de menus, nós levamos uma palhinha no saco e eles não dizem nada. Bem, é claro que quando chegamos a casa vemos que fomos aldrabados, e somos obrigados a lá voltar, para ouvir as fantásticas desculpas de última hora, giríssimas. Dá-me tanta vontade de rir… É do género “Ai desculpe, que disparate. Então você pediu pão de alho e eu marquei garrafa de água, peço desculpa”. Deve ser isto que se ouve. (Comigo nunca aconteceu, mas escrevi isto para vos precaver se forem lá). E já viram a diferença?! Pão de alho e garrafa de água. A empregada deve confundir o queijo derretido com a água das Formas Luso, com certeza…



E quando vamos lá para comer mesmo uma refeição?
Bem, primeiro há-que entrar no restaurante. (Eu pessoalmente entro sempre pela frente, mas se quiserem ir pelas traseiras ou pelos tubos do ar-condicionado, por mim estão à vontade). Uma vez no interior do estabelecimento, temos de ir à mesma ao balcão - porque não há serviço de mesa – para pedir o que queremos e pagar. Lá, paga-se sempre antes de comer. Seguidamente, podemos sentar-nos numa mesa (se houver alguma disponível, de preferência sem tabuleiros) e, bem… esperar. Temos de esperar. Na maioria das vezes, a comida nem demora muito tempo a vir, são só aqueles minutinhos habituais que se passam muito bem se estivermos à conversa. E é assim: comemos, falamos, rimos, pagamos e… bazamos!

Setúbal... uma cidade inédita: Aranguês 2

O estacionamento da zona da aranha, ai, perdão, da Aranguês; numa classificação de 0 a 5 pode considerar-se… precisamente 0. E é como em toda a cidade, onde nunca há lugar para o carro, quando se quer um, e onde há engarrafamentos às 4 da tarde na Avenida 5 de Outubro (que quando chove vai a banhos). Por isso mesmo, estacionar na zona que estou a descrever não é tarefa fácil, e se não forem adoptadas medidas extremas, não há nada para ninguém. Mas lá se vai conseguindo estacionar, ora nas traseiras dos prédios ora na avenida principal denominada Bento Gonçalves, onde diariamente permanecem por volta de 100 arrumadores de carros. Já estão automatizados, coitadinhos: assim que acordam começam logo a fazer o gesto com o braço, movendo-o da direita para esquerda com um jornal na mão, ininterruptamente. E assim passam lá o dia, na rua, à espera que chegue alguém com pressa e que enfie o seu carro no primeiro lugar vago daquela fila. No fim do dia, imagine-se que possam ganhar, os arrumadores, cerca de 20 a 40 euros, se todos contribuírem com 30/50 cêntimos (com IVA incluído, como é óbvio). E se não repararam, experimentem passar na avenida, próximos de um dos arrumadores, para verem o que ele diz. Como passa lá os anos, deve ter endoidecido e em pleno Junho (com 28 graus à sombra…) diz que é Natal! É porque se calhar confunde os carros com trenós e os homens do take-away da PizzaHut com duendes, vestidos com aqueles fatos-de-macaco vermelhos. Ohohoho! E é assim: para podermos estacionar na Aranguês (ah, pensavam que eu ia dizer aranha!…) temos de contribuir para os arrumadores… ou então procurar um outro lugar para a viatura (que não deve ficar, feitas bem as contas, mais longe que 7km’s - o que já é bastante bom). Aqui para nós, há até uns sítios onde é mesmo impossível estacionar, como na Avenida Luísa Todi. Já tentaram?... Não?!



Setúbal... uma cidade inédita: Aranguês

Quando saímos da loja onde se tratam de todos os assuntos burocráticos - entre eles do C.U. e da permanência legal no país (para não termos de morar debaixo da pala da ponte) – esbarramos logo nas lojas dos chineses. Há quem goste de lá ir (e eu admito que até já lá entrei), mas a maioria (uma pessoa - muita gente, sem dúvida) queixa-se e põe-se a dizer: “ai qualquer dia em vez de irmos à baixa, dizemos que vamos à ChinaTown! Pfee…”. E como se o que dissessem mudasse as ideias do SEF, que é o Serviço de Estranhos e Falsificados que deixa por isso entrar todo o tipo de pessoas no país… (talvez para subir o turismo, quem sabe?). Bem, como estava a relatar, ao esbarrarmos nos manequins muito bem colocados pelos chinocas (que nos caíram em cima do pé e nos fizeram uma fractura) somos obrigados a entrar e a dar uma vista de olhos nos produtos: há de tudo, desde chinelos a vestidos, passando pelas lanternas fluorescentes e pelos paks de soutiens plastificados, sem esquecer as já famosas bandeirinhas portuguesas que o Scolari mandou pôr nas janelas (aquando do Euro2004), inaugurando assim o mais recente negócio chino-português, o negócio (olhem, nem mais nem menos…) da China. O ambiente dentro das lojas dos chineses até que é engraçado, pois ou se ouvem os rádios a pilhas naquelas estações duvidosas com músicas do tipo “pim pim pim pim pim pim pim pim” e com homens a debitar 100 palavras por segundo, ou se ouvem os telefonemas dos parentes chinocas, que cá em Portugal, ligam para os familiares bem distantes, e que muitas das vezes, aposto, falam mal de nós ou do nosso país. Mas nós, como não percebemos chinês nem queremos ficar com os olhos em bico - para isso basta ver o Sócrates - nem ligamos e damos meia-volta.


E é assim que se passa parte da manhã na Aranguês: a tratar das papeladas na Loja do Cidadão (que equivale às urgências do hospital de São Bernardo em hora de ponta) e a vasculhar nas prateleiras dos chineses (todas a abarrotar)!

Um autocarro para um turismo imaginário.

Anda há meses por ai a circular um autocarro… que ao menos é diferente das outras velhas carcaças rolantes que se arrastam pelas ruas da cidade e empatam o trânsito. (Sim, porque o que há mais para empatar nesta cidade, são autocarros!).

Como disse, o novo veículo longo que circula por cá não é igual a tantos outros. Trata-se de um autocarro turístico, comprado pela Câmara, em parceria com as empresas “Mil Andanças”, “TST” e “José Maria da Fonseca”.
E o que faz o novo meio de transporte da cidade? Fomos averiguar.
Ao que foi possível apurar, o “Setúbal & Arrábida Bus Tour” – um nome em inglês, porque tudo o que é português não resulta em mundo nenhum – faz a ligação entra a zona ribeirinha da cidade e as zonas de Arrábida e Azeitão. O autocarro é inclusive descoberto, proporcionando grandes momentos de prazer… ou então de angústia; quando vemos os nossos bonés a voar com uma rabanada de vento intrometida) e até é elevado – o autocarro - para dar aos passageiros a sensação de altitude… numa cidade onde nem há muitos prédios altos, e onde os poucos existentes nem são bonitos de se ver. É óbvio que temos as palmeiras nas avenidas e outros locais de interesse, mas duvido muito que seja algo muito “excitante”, porque só de si, Setúbal não nos “excita” em nada.

Comprou-se assim o transporte que «superou as expectativas das empresas», chegando a ter lotações-máximas, vejam só!
Resta pois agora saber com que dinheiros foi feito o investimento… numa altura em que os fundos não abundam e se está (supostamente) em crise económica. Temos pois um autocarro para o turismo na cidade, para um turismo de raridade – ainda que com as suas aparições – e de qualidade crescente (digo eu, após ver as fotos no site da Câmara, que mostram as pessoas contentes, a ver sabe-se lá o quê). No fim de contas, é um autocarro que vai continuar nos seus passeios até ao fim do mês de Setembro… num turismo imaginário. (Que ainda assim só é real aos sábados de manhã…).


Um acordar atribulado na Margem Sul do Tejo.

Se hoje acordou mal-disposto, não é de estranhar. Se não acordou mal-disposto, saia à rua e veja com os seus próprios olhos.

O Outono veio mais cedo e tirou a vez aos dias bondosos de Setembro, quentinhos, com sol e tempo agradável. O mau tempo apareceu assim nas capas dos jornais e nos noticiários, com um título nada animador de "TROVOADA ACORDA LISBOA". Bem, o que é certo é que não se dormiu, em Lisboa por causa da chuva fora de horas e por causa dos trovões... em Setúbal porque em Palmela houve fogo-de-artifício que por pouco não se ficou por "fogo-molhado", com a carga de água que caíu.
Os cães ladraram toda a noite e a chuva pôs o trânsito num caos (de acordo com a TVI).



No fim, no fim, nada de bom aconteceu (sem ser o facto de os jardins e relvinhas ressequidas se terem afogado com a precipitação abundante que vai chegar para o fim do mês).
É da maneira que o pessoal das câmaras já não gasta água... que faz tanta falta no norte e centro do país, que está há dias a pegar fogo - um fogo que nem com chuva se apaga!

Requalificar a requalificação.

Com os principais locais da cidade a não satisfazer completamente os setubalenses, surgiram os bailados das obras públicas.

Só para terem uma ideia, a escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal foi instalada nos edifícios do Parque do Bonfim, para assim dinamizar aquela zona, e dar uso às instalações que há muito serviam de arrecadação.
A requalificação das instalações foi feita, e assim nasceu a escola, em pleno jardim da cidade. Todavia, o funcionamento dessa mesma escola de turismo não foi muito notável, sendo que até parecia que aquilo estava sem uso, com as janelas fechadas e com o protótipo de esplanada à beira de água ainda por usar.
Mas acontece que não foi só por aquelas bandas que os edifícios estavam a precisar de requalificações. Na Avenida Luísa Todi, o cenário ficou negro (logo a começar pelo Fórum que foi para obras centenárias).
E foi na biblioteca municipal que as obras falaram mais alto, estando o edifício um tanto ou quanto a cair, com dois andares e salas diminutas, para arrecadar tamanha variedade de livros, arquivos e papeladas.
Vieram então os projectos ao de cima: a actual escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal – instalada no Bonfim -, iria mudar-se para o decadente Quartel do 11 (que seria requalificado), enquanto a biblioteca se arrastada para os dois edifícios do Bonfim, livres pela escola deslocada. Que grande complicação. Muito gostamos nós de complicar as obras públicas.



No fim, se estas obras sempre andarem para a frente, vai fazer-se uma requalificação da requalificação; ou seja, adaptar um edifício no Parque do Bonfim que já tinha sido alvo de requalificações, para uma escola de Hotelaria.
Assim, a actual escola pára de funcionar, e aguarda até Janeiro de 2010 – o prazo para começarem as obras no Quartel. Entretanto, a Biblioteca Municipal muda-se para os dois acanhados monos do Bonfim, para proporcionar aos setubalenses… “leituras no silêncio”, como disse o “Jornal Municipal”.
Mas eu não acho. Acho que será mais “leituras mal situadas num local que nem para uma escola de Turismo serviu… quanto mais ara uma biblioteca!”.

Primavera de Novembro

São, certamente, as alterações climática que estão a alterar – daí serem alterações – o nosso clima que outrora foi ameno. Agora temos isto: cheias urbanas a meio do Verão, tornados em Outubro e uma quase Primavera às portas de Novembro. Quem podemos culpar? O Bush? Os EUA pelas fumaradas industriais? Meus amigos, os culpados somos nós! Todos nós. Exceptuando o periquito engaiolado, claro.
Decerto já repararam que as temperaturas estão amenas, a rondar os 23 graus, o que é bastante bom. É óbvio que podem ser umas pitadas de S. Martinho, onde o tempo fica quentinho e se assam as castanhas. Mas não, se compararmos com igual período do ano passado: andava tudo de cachecol, luvas e demais acessórios aconchegantes; o frio já apertava e os aquecedores saíram das garagens para irem aquecer as manhãs de briol que nos prendiam à cama.
E este ano, o que temos? Temos 23 graus ao meio dia e manhãs de 18 e poucos, temos pessoas de t-shirt (vejam só os encalorados), senão até mesmo de calção...
Temos uma autêntica Primavera de Novembro! E as pessoas gostam.
Todavia, muita coisa tira a “pica” típica do Outono: frio, folhas caídas pelo chão a entupir valas e sarjetas – não quer dizer que não as haja, mas já houve mais – iluminações precárias e precoces para o Natal postas pelas ruas da zona baixa… enfim, um leque de características agradáveis para o bom português que aprecia as estações do ano. E, como já devem ter adivinhado, os comerciantes queixam-se. Queixam-se das raridades nas vendas de roupas de lã e de botas para a chuva (que por esta altura, no ano passado, já estariam a esgotar).
E agora, das duas uma: ou o frio vem abruptamente e saca tudo dos cachecóis, lãs e mantas de inverno… ou passamos o Natal com um frio que não veio com a Primavera de Novembro.

O futuro da cidade... na cabeça dos candidatos.

Numa altura de eleições em que tudo vale para os candidatos subirem à Câmara Municipal, as promessas surgem e os cartazes são espalhados pela cidade.

A nossa presidente, Maria das Dores Meira, fica-se por “Setúbal tem Futuro”, um futuro que é, contudo, incerto, para os setubalenses, que de facto viram melhorias, mas que agora se perguntam se as coisas sempre vão andar para a frente. É o Fórum, é a Escola de Hotelaria… tudo serve para seduzir os cidadãos com obras públicas.
Depois temos a Teresa Almeida, a afamada presidente futurista que veio de férias de Miami, onde tudo é possível, e onde ela pensou que à semelhança das Américas… no rio Sado caberia um navio cruzeiro.

 Desculpem, não sei se já repararam, mas é a Casa das Artes, o Centro de Congressos, o Terminal de Cruzeiros – claro está –, a Animação nos Largos e mais uma catrefada de coisas boas. E caras. E esta senhora, sim, promete e anuncia… vamos ver é se manda fazer.
Já Jorge Santana confina-se aos painéis espetados nas beiras da estradas, que obrigam milagrosamente a Feira a voltar ao seu lugar, como se desse para acontecer. Sim, porque a Avenida está de cara lavada e não suporta ver xungarias… nem cuecas à venda.



E é assim. Por cá, muita coisa vai sendo prometida, mas depois é que são elas. Muito poucas se vão fazer, porque é a isso a que estamos habituados: a ver promessas que depois não passam… de pôr palmeiras nas rotundas e luzes nos jardins.

O rescaldo das eleições.

No passado domingo (11 Out. ’09) o país foi a votos para as câmaras municipais. Por todas as cidades, as expectativas para cada partido variaram, especialmente em Lisboa, onde António Costa, do PS, ganhou sem margem para dúvidas… deixando para trás as políticas revolucionárias de Santana Lopes, com base em polémicas já de águas passadas (como o terminal de contentores de Alcântara tapar a vista a Lisboa, por escassos metros, mas acabava por tapar). Assunto resolvido para a Capital. Mais do mesmo: obras e caos no Terreiro do Paço; contentores a tapar a vista para a ponte a meia dúzia de pessoas.
Já por Setúbal, a situação não foi mais do mesmo. Quem ganhou foi a optimista Maria das Dores Meira da CDU, a candidata já conhecida e sobretudo reconhecida pelos setubalenses. Ela, que prometeu obras e está já cumpri-las (ainda que com alguma lentidão) obteve mesmo a maioria absoluta, deitando por água Teresa Almeida do PS (que foi recambiada no seu navio cruzeiro). Já Jorge Santana foi outro que tal, do PSD, que não conseguiu nada que visse de deputados.




Foi isto que tivemos por cá: Maria das Dores ganhou a cidade e assim permanecerá (a fazer o quê, isso vamos nós descobrir)… Teresa Almeida foi derrotada e o independente Jorge Santana nem vê-lo com as suas políticas - algo contraditórias com as de Meira – que consistiam basicamente em retirar a feira das Manteigadas e voltar a pôr no lugar mais umas quantas construções.
A CDU ficou por cá… resta saber se é desta vez que metem palmeirinhas para embelezar a entrada da cidade.