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terça-feira, 20 de abril de 2010

A praga dos tempos modernos


Eles não existem nem fazem o que se vê na TV e no cinema, não matam, não saltam, não voam nem conseguem fazer isso sem cabos elevatórios presos a gruas. Assim sendo, não há que ter medo de uma coisa que não existe, e que no ano passado acordou: os vampiros.
            Os vampiros (familiares próximos do horripilante lobisomem) andam por aí, no anonimato, em filmes e séries. Na verdade, as produções nacionais aproveitaram-se do seu renascimento das trevas para elaborar as magníficas séries juvenis de vampiragem com amores impossíveis: o vampiro é imortal, a humana toda gira permanece na ignorância e, como previsivelmente os opostos se atraem, acabam os dois apaixonados. O vampiro lamenta “Não posso ficar contigo!” e ela implora “O nosso amor é maior!”, com uma lágrima no canto do olho.
            Lamechices de parte, o local onde vivem estas modernas famílias de vampiros é bastante peculiar.
            À noite eles vivem no pequeno ecrã, saltam e correm à velocidade da luz para salvar as pessoas, alimentam-se como os humanos, mas bebem um líquido duvidoso (que, ao contrário do que se pensa, não é sangue, e se suspeita ser uma bebida da “Compal” Frutos Silvestres).
            Já de dia, os espécimes sugadores vivem protegidos: aguardam impacientemente nas grelhas televisivas dos canais generalistas, até saltaram para o ecrã e triunfarem com a cena mais chocante durante os 45 minutos em horário nobre. Fazem, no fim de contas, as delícias dos públicos mais juvenis. São ídolos, estudam, chegam a horas aos compromissos e usufruem de grandes contrapartidas: morrem apenas quando atingidos com uma estaca no coração – uma tentativa falhada para a maioria zarolha -, não têm de gastar balúrdios em cremes de rugas nem em liftings – dado serem fotogénicos -, tirando o facto de serem alérgicos aos raios solares – uma coisa mínima e curável com “Garnier Soleil”.
            Por entre os livros, CD’s, DVD’s, séries e posters, por entre Sagas obscuras e acessórios de uma indústria crescente e dispendiosa de merchandising, esta praga tende a subsistir.
            Parece que a vampiragem invadiu o mundo, num cliché já recorrente: uma nova espécie que tem a mania de que é mais que os humanos, tenta, na sua arrogância, dominar os outros povos.
            No entanto, em Portugal, o fenómeno (felizmente) não se verificou. Talvez por não terem conseguido arrendar cemitérios suficientes ou pela Remax não vender esses terrenos com fraca luminosidade e graves inconvenientes paisagísticos, os vampiros, perante as suas ordens de despejo da Transilvânia, limitaram-se a arranjar emprego nos canais da televisão e na literatura.
            E é bom que eles cá continuem. Faz bem aos portugueses conhecerem novos hábitos e culturas, e assim é da maneira que ASAE já não implica com os alhos fora de prazo nos restaurantes.
           

Páscoa... cá fora


A Páscoa, que por estes dias está em alta, motiva toda e qualquer deslocação para cidades que não a nossa de origem, como forma de desenvolvimento turístico de outras regiões, de consequente lucro hoteleiro e ainda de uma inevitável perda nas carteiras, que, no entanto, não é muito elevada.
O que se está a passar passa-se todos os anos: o sol brilha no Algarve e as ruas enchem-se de turistas, as pessoas vão ao banho (apanham uma gripe também), e ainda bebem uns cafés nas esplanadas. Os raios ultravioletas incidem na ilha da Madeira, o Funchal entope-se de turistas, as pessoas enchem os hotéis e deitam-se nas varandas (engripadas ficam também), e depois ainda vão beber cafés nas esplanadas.
Ora, todo este corrupio e movimentações de pessoas e fundos é mais que habitual; é pena não passar desses dois pontos e de Lisboa (onde os turistas se admiram com os bairros populares, com a Torre de Belém e com os pastéis nada caros).
E Setúbal? E as cidades da periferia? E o comércio dos arredores? Isso não se pode explorar? Certo é que, já de si, a nossa cidade não convida muito ao turismo, e se sim, apenas na baixa, mas isso não é razão para não haver um investimento mais activo por esta altura das férias, em que os setubalenses se deparam como que irremediavelmente enclausurados em casa a ver os filmes dos canais generalistas.
Seria agora de louvar o regresso das ideias milagrosas da nossa Presidente da Câmara. Aquele autocarro de andar e meio, onde está? Se estiver parado a apodrecer numa qualquer arrecadação da rodoviária era bom que o tirassem de lá e que o pusessem em movimento.
Em prol do desenvolvimento turístico tudo pode ser feito, e há que apresentar alternativas a Lisboa, Algarve e Madeira para passar as férias da Páscoa. Afinal, se assim continuar… apenas passamos férias… cá fora.

Feliz dor de barriga!


Se disserem que a Páscoa é estar com a família, é comer borrego até encher a pança e comprar ovos da Kinder Surpresa, estão apenas a caracterizar a Páscoa como uma celebração consumista.
Consumista e não só; familiarmente interesseira também, na medida em que os netos esperam sempre umas notas de 20€ no almoço com os avós, depois de se terem lambuzado com o ovo que pouco durou, devorado pelos menores já fartos do borrego da mãe.
            A Páscoa é uma ocasião bonita, sim, onde se encontram novamente os familiares e se põe a conversa em dia, mas é também uma altura em que surgem alguns inconvenientes intestinais.
            Por alguma razão aconselham sempre na escola a “não comer muitos ovos” ou a “ter cuidado com as amêndoas”. Sim, estes avisos que todos ouvem e que entram a 100 saindo a 120 rebuçados à hora deviam ser autênticas advertências ao consumidor, autênticos despachos do Ministério Público ou da ASAE, para zelar pela integridade interior dos estômagos dos portugueses desprevenidos.
Visto que, de qualquer forma, a diminuta informação de que “este produto, consumido em demasia, pode provocar efeitos laxantes”, ou outros do mesmo ramo que, no fundo, acaba na casa-de-banho, é ignorada, não tarda nunca muito para essas tais represálias se fazerem sentir para desgosto dos mais gulosos.
Esta festa, que é a Páscoa, é uma festa matreira… É quase como o Natal que nos serve de desculpa para os excessos nas azevias ou nos bolos-rei com as apreendidas prendas pela autoridade que mete o bedelho em tudo.
No Natal todos sabem o que é bom de comer, mas o seu ícone, que é o Pai Natal (justamente um nome não muito imaginativo) não faz alusão a doçarias, antes pelo contrário.
Pelo facto de ser cheiinho, no mínimo em risco de obesidade, até serve de lição para os mais pequenos que pensam “Ah, eu não quero ficar como ele! Vou comer só mais um chocolate”.
Agora, na Páscoa é diferente. Os coelhos são confeccionados em chocolate, branco, preto, gostoso e bem embrulhado em prata dourada, e depois há as intrometidas galinhas que, na hierarquia da capoeira não quiseram ficar atrás, e para isso mascararam-se de coelhos, inventando os ovos com surpresas “made in china”.
Comendo e deglutindo, nesta Páscoa 2010, para além dos turistas que vão de férias para o Algarve, muitos outros portugueses se vão babar nas prateleiras dos hipermercados ao ver as amêndoas e ovos e vistosos folares. Tudo é bom, decerto, mas tudo causa dor de barriga… quando se come em demasia.

À beira do abismo


O Mundo está a ser devastado por uma sucessão de acontecimentos catastróficos. Sismos, tsunamis, secas severas e dilúvios torrenciais aliados a vagas de frio implacáveis têm instalado o caos em muitos países nos últimos anos.
No ano passado, um dos piores invernos assolou a Europa e os EUA, matando centenas de pessoas e paralisando capitais. Já em 2010, um interminável dilúvio no Arquipélago da Madeira lançou a ilha numa calamidade de gigantescas proporções, tirando a vida a quase 50 pessoas, deixando um rasto de destruição de prejuízos incalculáveis.
Estes fenómenos extremos estão a gerar alguma ansiedade, senão mesmo pânico, pois correspondem às temíveis previsões do alarmista Calendário dos Maias que projecta a extinção da Humanidade, com base em sucessivos apocalipses, já para daqui a dois anos.
Para de alguma forma atestar essas terríveis previsões que centram o dia 21 de Dezembro de 2012 (21/12/2012) como a data em que ocorre o fim do Mundo, sismos de grande magnitude estão a ocorrer em todo o planeta. Há 2 meses, no Haiti, milhares de pessoas conheceram a desgraça num país já muito afectado pela miséria que se agravou com a devastação, e até há bem pouco tempo, o Japão registou um grande terramoto, seguido de outro que afectou fortemente o Chile e que lançou mortíferos tsunamis por todo o Pacífico.
Simultaneamente, vários fenómenos até há anos considerados raros na Europa estão a dar que falar, como um anticiclone que atravessou o Atlântico e que se abateu em Portugal, dirigindo-se para Espanha e França que sentiram igualmente efeitos do temporal.
Este leque de acontecimentos preocupa os especialistas, que por entre debates e análises tentam arranjar uma explicação, sem ao mesmo tempo alarmar as populações. Devido ao terramoto do Chile, com 8.8 de magnitude na escala de Richter, um dos maiores até à data a nível mundial, o eixo da Terra foi afectado, o que significa concretamente que as 24 horas ficaram mais pequenas 1,26 microssegundos.
Resta saber, pois, se o núcleo da Terra está mesmo a sobreaquecer. Se isso estiver a acontecer, será um passo para a beira do abismo!

A agricultura invadiu a net


Hoje em dia tudo é possível. Até é possível ressuscitar velhas profissões e hábitos actualmente caídos em desuso, como é o caso da agricultura que passou a ser encarada como uma profissão não muito apetecível, não lucrativa e difícil de manter.
Com efeito, uma das redes sociais mais conhecidas, o Facebook, tratou de divulgar o mais famoso jogo da quinta virtual – o FarmVille.
            No Farmville cada jogador tem uma quinta como propriedade, que, adivinhe-se, se assemelha em muito com uma verdadeira propriedade latifundiária alentejana. Há animais, terrenos, celeiros, vedações, árvores, lagos e todo o tipo de acessórios e pormenores que integram uma quinta normal, incluindo até outros apetrechos mais modernos, como vacarias automáticas que carregam a percentagem das vacas e que nos avisam quando as tresmalhadas estão prontas a dar leite.
Mas na nossa quinta virtual não se vivem os problemas de uma quinta da vida real, daí ser fictícia. Não, no FarmVille não sujamos as mãos de terra e lama ao plantarmos batatas, não ordenhamos vitelos com luvas calçadas nem colhemos frutos com o risco de dar um trambolhão de cima de um escadote. As adversidades do clima não estão patentes, e se não chove nem há vento, não precisamos de estufas para proteger as colheitas, nem precisamos de colocar marcos nos terrenos para impedir usurpações de propriedade privada. No Farmville só precisamos de perícia com o rato e sobretudo de paciência e agilidade. O resto, o programa faz.
            É, ao mesmo tempo, um passatempo que viciou já milhões de pessoas em todo o mundo. Na vida real seria impossível ir fertilizar os campos na quinta de um árabe, e neste jogo vamos até à de um chinês se for preciso, basta adicioná-lo como nosso vizinho, com a rapidez de um clique. Este é ainda um jogo que promove a solidariedade, que na maior parte das vezes é essencialmente interesseira, já que, quando fertilizamos os campos dos outros ou damos milho às suas galinhas, ganhamos “dinheiro” para nós, ou seja, ajudar os outros é promover a nossa PME. Outras vezes há quem se descuide e se desleixe com a sua própria quinta, e as colheitas apodrecem; mas, para salvar a situação, podemos revitalizar na totalidade a herdade decadente, o que significa que “com o descuido alheio se faz a fortuna própria”.
            E há mais facilidades e modernices no FarmVille. Já que é bastante fácil e rápido dar milho às galinhas e recolher os frutos, podemos sempre ir à caça de presentes e de coleccionáveis, para tentarmos o mais rapidamente acabar as colecções e publicar o bónus na página inicial (uma espécie de ecrã gigante onde se mostram as oportunidades a todo o segundo, tipo bolsa de valores). Para além de tudo isto, jogar em casa é fazer “agricultura de sofá”, sem nos incomodarmos com mais nada e podendo desfrutar de um qualquer bom programa de TV, não esquecendo que o trabalho é quando queremos e dá jeito, já não é de sol-a-sol.
           
A quinta virtual é uma ocupação paralela à da vida real… rentável, isenta de impostos, de cobranças, de papeladas burocráticas e de inspecções da ASAE. “É a maneira mais fácil de ter uma quinta que, em condições reais, seria impossível de sustentar”. Para além disso, no FarmVille arranja-se emprego garantido e salvaguardado de despedimentos, porque, afinal, o patrão somos nós!

O que é novo mete água


Sem nada ter contra as obras chinesas, o que é certo é que o novo Hospital de Cascais não foi construído por arquitectos chineses. Os materiais para essa obra sim, poderão ter sido fabricados na China, nomeadamente os das canalizações…
            Estes cenários caricatos não são excepção por cá, pois tudo o que é inaugurado, apesar de ser novo e mais moderno à partida, não está a salvo das intempéries mais atrevidas. E de que maneira choveu em Cascais! Poucas pingas bastaram para instalar o caos numa sala de espera novinha em folha de há uma semana. Na verdade, o novíssimo e sofisticado Hospital de Cascais foi alvo de um incidente sem vítimas humanas a registar, porque, tirando essa parte, o que se danificou foram uns quantos canos e umas placas do tecto.
            A sala de espera, onde aguardavam inúmeros doentes à espera no total de 133 consultas, teve de ser evacuada devido a um rebentamento de um cano de escoamento de águas do 3º piso do edifício. Ou seja, devido a uma inundação, de 133 consultas, apenas se realizaram 55, pelo que as pessoas que para lá se dirigiram depois das 11 da manhã deram de caras com homens de galochas a limpar lençóis de água. Já os pacientes que aguardavam na inesperada banheira… tiveram de sair.
            Questionados os responsáveis pelo hospital, eles apenas garantiram que semelhante situação tanto ocorreu neste hospital como poderá acontecer no de Santa Maria, e que o incidente não colocou em causa a moderníssima construção no que toca às suas capacidades para escoar a água do esgoto.
            Em suma, concluímos que as construções portuguesas são muito vulneráveis. Pagar um balúrdio por um hospital que alaga não caberá na cabeça de nenhum utente que, para se prevenir de eventuais dilúvios, passará a ir munido de galochas e bote salva-vidas para um hospital novo… que mete água!

O infractor que há em nós

Todos nós, com certeza, na mais pura inocência da infantilidade ou simplesmente na mais descuidada parvoíce adolescente, cometemos um delito na vida. Um simples furto, um mero roubo de um artigo de pequenas dimensões, maioritariamente, e quiçá um pacote de palhinhas de marca LIDL.

Ora, nestes tempos difíceis em que a crise daninha não nos deixa respirar e nos atola em despesas e contas ao fim do mês, o crime aumentou… e muito! Roubos, carjacking (uma moda, aliás, que mal sobreviveu em território português), assaltos a postos de abastecimento, a quiosques, a casas particulares, a caixas multibanco e, por fim, a centros comerciais, registaram-se e assustaram pessoas de norte a sul do país. É que o hipermercado Jumbo de Setúbal também foi alvo desta vaga de delitos, sem contudo registar o pior crime. 

Vejamos então o caso real que atesta esta realidade. De acordo com o jornal que retrata a vida activa que temos em Setúbal, n’ “O Setubalense”, uma rapariga de 18 anos, de nacionalidade romena, furtou jogos para Playstation. As caixas, bem alinhadinhas nas prateleiras publicitárias do hipermercado Jumbo, mal sabiam que a dado momento iriam ser raptadas e encafuadas num saco forrado a folha de alumínio. Entretanto, a jovem romena foi prontamente detida no Jumbo (detenção essa de rara celeridade), a meio da tarde, e com prontidão ouvida no tribunal, devido ao seu furto dos jogos no valor de 272 euros. 

 Este foi mais um delito que ocorreu no Jumbo. Mas voltando à conversa inicial deste texto, todos nós já cometemos uma espécie de transgressão, e não são raras as vezes em que uma criança distraída se apodera de um pacote de rebuçados (para satisfazer a sua gula) e passa a zona das caixas de pagamento sem que nenhum alarme seja activado e sem que ninguém se aperceba.  

Ora nem mais: constata-se pois que todos nós temos aquele pequeno descuido, que sem más intenções passa despercebido. É o infractor que há em nós.

Um shopping para as moscas


Os passeios em família dos setubalenses permitem descortinar várias realidades recônditas da cidade.
Por exemplo, ao darmos um pulinho à baixa (munidos de bote e galochas para alguma eventualidade) podemos apreciar a operação cirúrgica do Fórum Luísa Todi que está ainda para durar muitos séculos, e, noutro contexto, deslocamo-nos ao vulgarmente conhecido Jardim da Beira-Mar e avistamos em Tróia uma espécie de “nave espacial” que lá ao fundo aterrou só para alguns (dado que nesse mundo apenas passa o “povão” que nos dias de Agosto se refugia na praia de bandeira azul do complexo onde o custo de uma bica equivale ao de um quadro do Picasso).
O que me trouxe até aqui foi o simples facto de eu me ter deslocado até ao Shopping Aranguês na mais pura tranquilidade de cidadão que já espera ver de tudo, que fica na Rua Bento Gonçalves (aquela avenida inclinada que favorece as cheias na baixa ao escoar os dilúvios desde o Hospital).
E foi maior o meu espanto e admiração quando me apercebi de que, no piso superior do centro comercial, muitas eram as lojas que estavam fechadas.
Nas monstras da maior parte dos estabelecimentos lêem-se os inegáveis cartazes do “TRESPASSO” e do “VENDO ou ALUGO”, o que significa que quase metade do shopping está para venda.
Ora, se um outro sadino deambular pelos corredores vazios do centro comercial, com toda a certeza vai reparar que muitas lojas sofreram mutações inesperadas, passando de loja de roupa cara a loja de roupa desportiva, decaindo para loja de sapatos e mais tarde para loja de acessórios de moda, e assim sucessivamente numa espiral que transformará inevitavelmente os espaços comerciais em estupendas lojas dos chineses.
Sim, porque o português que é português, para além de dispor de um campo de visão restrito que se assemelha ao da pala dos cavalos, apenas se esforça em visitar as lojas do piso de baixo, porque, vá-se lá saber, há sempre as desculpas do “Ah, estou cansado(a) da semana toda e dói-me a anca” ou “Dá trabalho ir lá acima e ter de subir as escadarias”, portanto, apenas os estabelecimentos do corredor virado para rua no piso de cima sobrevivem à escassez de clientes e aos seus propositados entraves visuais e motores.
Nos corredores do piso de cima já só abrem duas cabeleireiras, 3 cafés e escassas lojas de roupa com descontos de 50%. A música ecoa pelos cantos e se passar alguém para ir à sex-shop já é bom.
Há mais moscas que compradores no Shopping Aranguês.
A culpa do mau negócio tanto pode ser do arquitecto, como da crise, como da inércia, como do piriquito engaiolado. Mas há poucas razões para as lojas terem fechado: ou a ASAE cometeu uma loucura ou uma dor súbita e geral de anca afecta todos os setubalenses impedindo-os de reanimar aquele débil comércio.

Relações Político-Juvenis


Todos os dias vemos políticos na televisão, todos os dias eles discursam e competem entre si, e de repente damos por nós a pensar “quem irá ocupar futuramente o lugar deles?”. Essa tarefa cabe, logicamente, aos jovens que nos dias de hoje se vão formando e que amanhã podem já estar a governar a nação.
            Mas a relação dos jovens com a política está em muito debilitada, logo pelas elevadas taxas de abstenção no voto levadas a cabo pela camada jovem portuguesa, que encara o mundo da política como uma actividade aborrecida ou até mesmo desinteressante.
Mas na verdade isso não pode ser assim, pois são os jovens que sucederão aos actuais ministros que hoje governam o país e que todos os dias se debatem perante questões de extrema importância. Desde a construção de obras públicas, da averiguação de casos polémicos em que alguém (conhecido por outras polémicas) decidiu construir um centro comercial precisamente na rota de pássaros numa área protegida, à decisão do fecho das urgências ou à implementação de portagens nas auto-estradas, toda uma série de actividades se desenrolam no mundo da política, as quais têm reflexo na televisão, encantando muito poucos jovens.
Mas não só de preguiça ou desinteresse se traça o perfil da imparcialidade juvenil face à política. Na verdade, a maioria não sabe sequer o nome dos principais ministros, chegando mesmo a confundir o nome do Presidente da República com o do Primeiro-Ministro. Assim, muito falta ainda para a esmagadora maioria se conectar com o mundo da Assembleia da República que acarreta responsabilidades que não agradam aos adolescentes.

Compromete-se, pois, à vista de todos, o futuro de governação do país.
E se nada for feito, cai-se num ciclo de sucessões por interesses pessoais nos diversos cargos, onde a qualidade dos serviços prestados à nação por quem lá está vai diminuindo. A minha suspeição é a de que os políticos  só se mantêm nos cargos devido às benesses obtidas com a aprovação de um ou outro projecto (quem sabe fora dos trâmites legais), ou situações afins.
Há que apelar aos jovens para os aproximar mais da política. O país é de todos e o futuro reside neles.

"Mobilodependência"


É tão usual que já nem damos conta, e o que é certo é que já não há adolescentes como antigamente. Agora os namoros são à distância, as cartas coloridas são via electrónica e até os beijos qualquer dia são em três dimensões. As tecnologias invadiram-nos o Mundo… e tão cedo não despegam.
            As telecomunicações facilitaram muito as nossas vidas. Dissemos “adeus” aos monos dos telefones de caixa e de fio de meio metro que existiam só para os mais abastados e dissemos “olá” às últimas gerações de dispositivos que nos permitem uma ligação instantânea ao Mundo: os telemóveis, computadores e Internet. Mas esta adesão em massa está a causar graves problemas (que não se restringem às negligenciadas radiações malignas). 
            De acordo com um estudo do INE (Instituto Nacional de Estatística), a esmagadora maioria dos jovens com idades entre os 10 e os 15 anos usa telemóvel; ou seja, 84,6% dos jovens tem aquele indispensável aparelho que vive com eles todos os santos dias, desde o despertar até à mensagem de “boa-noite” para a namorada. Se esta percentagem não assusta, atentemos nos hiperbólicos números que se seguem: são enviados 236 “sms” por semana, há mais de 125 contactos em cada aparelho, e, aos 16 anos, cada jovem já teve mais de três telemóveis. Agora sim percepcionamos a verdadeira realidade da obsessão e dependência dos engenhos, que quando surgiram, serviam apenas para telefonar. Mas hoje não; hoje, se olharmos para um adolescente qualquer, depressa descortinamos a fina caixa com ecrã luminoso onde se exibem todos os tipos de mensagens, fotografias, páginas da Internet, músicas e afins. Sim, porque até a Internet foi pôr o bedelho nos telemóveis. Para além dos sms’s podemos ir à página do Facebook ou do Twitter, que são das redes sociais mais badaladas. Hoje em dia, não ter uma página social equivale a não ter ADN e, consequentemente, a já não conhecer personalidades.
            As camadas jovens usam e abusam dos dispositivos e deixam-se levar pelas infinitas capacidades e serviços prestados “na vanguarda da comunicação”. Seja num almoço em família, onde está a ser enviada a mensagem para combinar a saída logo à noite, seja na praia ou à porta do cinema, nas aulas e até na casa-de-banho, o telemóvel é omnipresente em todas as circunstâncias, até nas situações mais ridículas onde um colega manda uma mensagem para o outro que está a 3 metros de distância.
            A “mobilodependência” é apenas um título para a nova pandemia revolucionária que se espalhou pelo mundo. Hoje tudo está ao alcance de um clique. Um fenómeno que tenha ocorrido no Brasil pode estar meia hora depois a chegar ao conhecimento de uma rapariga que passeia por Lisboa.
Neste prisma suspeito, um jovem estar sem telemóvel é como uma caneta estar sem tinta.

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Os mexericos da polis

Hoje em dia, qualquer cidade que se preze tem orgulho dos seus mexericos, ainda que eles sejam apenas isso, mexericos dali e de acolá que preenchem a vida social activa que temos em Setúbal.

Fui pesquisar e abri a minha página da internet (assegurando a minha ligação ao mundo com a rapidez de um clique) e logo descortinei as notícias da cidade que faziam manchete na página on-line do jornal “O Setubalense”.
A primeira para que olhei foi “Moradores aguardam corrimão há 10 anos”. Ora, nada melhor que colocar-me a par dos queixumes dos cidadãos, e por isso procedi à leitura do artigo que, passado um minuto, já tinha um desfecho óbvio, aliás, recorrente de norte a sul de Portugal: a Câmara Municipal ainda não tinha resolvido o problema da camada essencialmente idosa que habita aquela zona, desprovida de corrimão em dois lances de escadas. Mas não se iludam; depois de saber que uma solução tão simples que é destacar dois homens de fato-de-macaco para pregar um corrimão ao chão é uma operação que demora 10 anos… nem quis imaginar que tipo de notícias de vida social activa tinha a página on-line.


A seguir li o título “Moradores queixam-se de actos de vandalismo e desordem”, que tratava um caso de desacatos constantes próximos a um café no Bairro Afonso Costa. Durante a madrugada, dizia a notícia, o vandalismo e os ruídos eram mais que muitos, tanto assim que a polícia foi várias noites chamada ao local para averiguar os acontecimentos. É certo que ninguém gosta de dormir ao som de estilhaços de garrafas de cerveja barata nem ao som de gritos e risos de quem está “coradinho”, mas este é outro pequeno exemplo de como, à falta provável de notícias verdadeiramente escandalosas ou excitantes, se aproveita tudo para poder ocupar espaço num dos jornais da cidade que se dedica a registar os fenómenos sociais que temos por cá.

Para terminar, em igual destaque apresentava-se: “Dores Meira mostra descontentamento da câmara e dos utentes à TST”, depois de esta empresa ter decidido, como quem muda de roupa, que o trajecto Bela Vista - Mercado já não se justificava fazer. No entanto, lá esteve então com prontidão a nossa estimada autarca que, embrenhada no povo sadino, testemunhou as dificuldades dos queixosos que se viram desamparados pelo percurso abolido da carreira nº 615.
E, assim, constato que a vida social de cá é activa até certo ponto: à excepção dos desacatos à porta de um café, que aí sim envolvem pessoas a deambular e a tropeçar pela rua, nos outros casos a actividade não se verifica, no seu sentido literal, obviamente. Porque o que não falta cá são problemas para dar e vender.

Ver para Crer

A crise financeira adiou o embargo que já era a construção de um qualquer fórum em Setúbal. A obra, muito esperada pelos Sadinos, viu-se irremediavelmente adiada pela crise económica que afectou o país e o mundo.Mas a verdade é que essa construção pode mesmo vir a ser concretizada, com ou sem atrasos, e se tal acontecer, “Setúbal ter um fórum” será o fenómeno do ano; contudo, até vermos o primeiro pilar de cimento ser construído no terreno… é ver para crer.De acordo com o jornal “O Setubalense”, o investimento de 100 milhões de euros continua no pacote de investimentos da Câmara Municipal que não desistiu da empreitada.

Recambiada para o Vale da Rosa, precisamente para a frente do novo aglomerado de Intermarchés, nessa área (onde vários sobreiros foram abatidos) nascerá a construção, num espaço também destinando à “Nova Setúbal”. Ora, a localização da futura área comercial levanta já algumas questões e cenários, na medida em que, para já, ficando em frente ao Intermarché com os seus numerosos apêndices, oferecerá aos visitantes um vasto leque de escolha comercial: ou vamos comprar espinafres ao Intermarché, ou atravessamos a estrada e vamos à ZARA comprar um casaco de pele de imitação.


Depois, sendo aquela artéria uma das principais de entrada na cidade, digamos que o trânsito poderá sofrer alguns atrasos para entrarmos quer no Fórum, quer na cidade, e aí sim revela-se que a localização não foi bem escolhida, logo pelo mau começo que obrigou ao derrube de várias árvores que assim baixaram os já débeis níveis de oxigénio de que dispúnhamos para a nossa respiração.

Mas há melhores contrapartidas. Pelo que foi publicado, o novo espaço comercial deverá criar 2.400 postos de trabalho que, esperamos bem, reanimem a economia estagnada da região. Quarenta mil metros quadrados é muita área para lojas. Estima-se que este será um fórum ainda maior que os de Almada e Montijo, um dos maiores do distrito e inclusive do país.

Se derrubaram os sobreiros para alguma coisa foi, e, dadas as circunstâncias, não devíamos permitir que tal acontecesse… para no fim acabar por não dar espaço a uma estrutura concreta e viável.

Até lá, é ver para crer.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Os contentores contra-atacam

Inviável, falível, vergonha para o Estado, buraco financeiro e perda de tempo. É assim que se designa todo o projecto de Alargamento do Terminal de Contentores de Alcântara, em Lisboa (A.T.C.A). Mas atenção: tudo o que não é bem visto e bem recebido a início, assegura a sua marca portuguesa. Já tudo o que for viável, infalível, orgulho para o Estado, gerador de fundos e aproveitamento de tempo… não tem a típica marca portuguesa. (Os portugueses gostam de marcar a diferença).Pois é isto que temos: um terminal de contentores privatizado para a Liscont (empresa do grupo MotaEngil), um terminal que ameaça tapar a vista para o Tejo. Mas não nos deixemos ficar por aqui. É necessário avaliar os argumentos prós e contras de todo este projecto afogado em polémicas “metálicas”.

De um lado, as “ovelhas negras”, aliadas ao Governo que encara o Terminal de Alcântara como um pólo estrutural da economia que move contentores por este mundo fora. O presidente do Sindicato dos Estivadores revela que concorda com a decisão do Governo (mas que bem que lhe fica concordar…) e explica que sem a obra «o porto de Lisboa vai acabar por morrer». Mas não seja por isso! Se o porto de Lisboa (que nem se confina ao terminal de contentores) pode acabar por morrer, então que se dê uma injecção de material encaixotado! Mais 200 contentores! Força nisso até tapar a vista às pessoas e o Sol às gaivotas!
Já os que estão no outro lado da maré, neste caso os amigos do ambiente e bons defensores dos concursos públicos (que nem se viram porque o Estado deu tudo de bandeja à MontaEngil), defendem que «a expansão do terminal [que está a gerar polémica], é negativa, sobretudo pelo impacto visual e ambiental que pode causar». Isto, mais sucintamente, significa que corremos o risco de abrir a janela e em lugar do Tejo vermos placas de metal com logótipos empresariais. (E sim, estas apreciações são indispensáveis para as manhãs de um Lisboeta).

Por último, o projecto inicial acarretava mais mudanças no actual terminal, como a implementação de linhas ferroviárias para os comboios de mercadorias andarem debaixo do chão. Todavia, esses comboios deveriam provavelmente envergar pelo mesmo caminho do túnel que alagou. Vê-se, portanto, que as mais-valias apresentadas foram mais que as desvantagens. Na realidade, a Liscont estava indiferente para as gaivotas que poderiam ou não bater com a cabeça nos contentores, dizendo sim que o projecto de alargamento traria benefícios sociais e económicos. Mas José das Neves Godinho, o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, considerou este argumento «uma falácia».
Terminais à parte, cá em Portugal, tudo o que não é polémico não é português, salvo raras excepções. E muito sinceramente, o cenário que um turista deve contemplar, assim que põem os pés em Lisboa, não deve ser de contentores.
Essa situação daria asas a um diálogo deste género:

- Finalmente chegámos à cidade das Sete Colinas!

- Cidade das Sete Colinas?! Cidade dos 700 contentores!


 

A nossa vida é uma novela

Se há coisa que fazemos quando chegamos a casa, para além de abrir os envelopes com as contas da água, da luz e do gás para pagar, é ligar a televisão. Ligar a televisão, seja em que canal for, distrai-nos por momentos, e assim descansamos deitados no sofá, enquanto lanchamos uma tosta com aqueles leites de chocolate em pó aquecidos no micro-ondas. Logo por aqui se vê o cansaço acumulado da semana de trabalho que estafa os portugueses. Por isso, nada melhor que passar pelas brasas em frente a um écrã de televisão. Mas a vida que nos rodeia, ou melhor, a realidade que nos rodeia, não pode nem deve ser compactada e reduzida aos programas da TV, caso contrário passaríamos a pensar que não havia crise económica e que afinal a população portuguesa não está assim tão obesa (o que é praticamente impossível e comprovado pelas estatísticas de que está).

Outro factor centra-se no que vemos na televisão, e em que canal. Há canais de filmes (que passam o mesmo 5 vezes numa semana) e há canais de entretenimento, de desporto, entre muitas outras variedades. Diga-se então que a generalidade das pessoas (que já tem aquelas BOX’s da ZON e da TVCabo com tarifários prometedores) tem preferência pela TVI, o canal, que, na maioria das casas, se liga no botão 4 do telecomando e que se orgulha todos os anos das suas percentagens de audiências, que deitam por terra as estações da concorrência.
Ah, mas a programação da TVI é considerada milagrosa… A TVI faz uma aposta na produção nacional, tem tudo português e orgulha-se disso (exceptuando as séries que são todas copiadas de uns canais para os outros e até já dão repetidas). Depois da ficção, o entretenimento, de qualidade crescente, tende a seduzir os portugueses, que encontram naquele canal um “depósito” dos bons estilos de vida. Imaginem pois, a Júlia Pinheiro, nas suas Tardes, a gritar um número mágico começado por 760 e acabado em 700 que desencadeia correrias para os telefones nas casas das pessoas, que se deixam levar pela publicidade que entretanto começou e durará 20 minutos.

Finalmente, as novelas. As noites da TVI são fáceis de adivinhar, mas digamos que o espectador é confrontado com uma tonelada de ficção nacional. São 3 novelas por noite, com os seus títulos inspirados em músicas de cantores portugueses, como “Deixa que te Leve” e “Sentimentos”, que prendem os portugueses à TV, e as senhoras, lá em casa, vão cuscando e vão vendo a novela, fazendo tricô numas meias. Depois, a estreia das novelas tenta marcar sempre a diferença, porque os argumentos começam com acontecimentos escandalosos e até mesmo assustadores: cai um avião, há um furacão em Lisboa, dá-se um choque em cadeia e furam-se casamentos… houve até uma novela que recriou os atentados ao World Trade Center!
Depois, a história desenvolve-se, e quando a fúria e raiva mesquinha da personagem mais maléfica vem ao de cima, os adereços do cenário são deitados ao chão naqueles “takes” lamechas com choro forçado e música dramática de fundo.

Enfim, as novelas tendem cada vez mais a embrulhar-nos no seu mundo: um mundo que não é o nosso e que só convém apenas que nos distraia. Afinal, a nossa própria vida já é uma autêntica novela!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Há que ler!


Nos dias de hoje, os jovens, na sua maioria, não costumam ler muito. Em lugar disso optam pelas tecnologias, pelos computadores, jogos e músicas nos fones.

Ler é saudável, tem imensas vantagens que beneficiam o corpo e a alma de quem perde alguns bons momentos na leitura.
Numa sociedade cada vez mais stressada, acelerada e compulsiva, ler é fundamental, não só para os adultos como para os jovens. Os livros são vastos e oferecem-nos milhares de experiências de leitura a cada minuto. Todavia, ler um livro não é ainda actividade frequente para os jovens que, com diversas desculpas, passam à frente dessas tarefas. Assim, há que cativar e sensibilizar para esta temática, porque ler enriquece quem o faz com vontade e gosto. Folhear um livro pode representar para muitos um aborrecimento, mas não é impossível ultrapassar isso. Aos poucos e poucos vai sendo incutido nos jovens a ideia e os hábitos de leitura, que podem assim satisfazer muitos de nós em tranquilos momentos de descanso e descontracção.

Não cabe apenas a pais e amigos cativarem as camadas jovens para a leitura; cabe sim aos jovens pegar num livro com vontade e partir desse princípio natural.

Há que ler!


Portugal aos Saldos

Podia ser notícia de última hora: as lojas entraram para saldos. Não só as lojas que registam grande procura… como também as lojas que eram só para último recurso.


As lojas da china estão a entrar na loucura dos preços baixos, porque até já têm descontos! É, evidentemente, quase mentira, mas está a acontecer. As lojas chinesas, as lojas de conveniência onde costumávamos entrar para comprar uma esfregona ou um cesto para as molas da roupa, estão a fazer saldos para atrair os clientes.

Sendo assim, a crise é mesmo mais que muita, dado as lojas da China serem já os estabelecimentos dos preços mais baixos (até mesmo mais baixos que os do Pingo Doce e que os do concorrente LIDL).




Contudo, as preferências da maioria assentam no comércio habitual das grandes superfícies comerciais, e neste Natal que passou os portugueses não olharam a carteiras. Só em 7 dias, por entre levantamentos e despesas, foram gastos mais de mil milhões de euros em compras em saldos. E nas lojas chinesas o cenário promete: uns cortinados que tenhamos visto ontem que custavam 15 euros, amanhã já custam 5 euros… ou então já esgotaram.
É uma loucura de longa duração, porque até fim de Fevereiro ninguém vai estar a salvo das correrias consumistas. Nem maridos, nem filhos vão aguentar o frenesim. Mas cuidado: a ASAE anda à caça.

Portugal tremeu de norte a sul

Sismo de 0.6 "fez abanar alicerces"

Surgiu sem aviso prévio, e à 1 hora e 37 minutos da madrugada de dia 17 de Dezembro de 2009, o maior sismo dos últimos 40 anos fez-se sentir de norte a sul do país, felizmente sem causar vítimas nem danos materiais. O tremor de terra, de 6.0 na escala de Richter, teve epicentro a 100 quilómetros do Cabo de São Vicente e foi sentido com maior intensidade no Algarve, em Lagos e Portimão. Graças à sua distância considerável da linha de costa, nesta situação não foram esperados quaisquer danos.

O país levantou-se de sobressalto com o tremor que levou à rua várias pessoas em pijama, para saberem do sucedido. As várias autoridades, Protecção Civil e serviços de Bombeiros, receberam apenas chamadas de pedidos de informação, e nenhuma de pedido de socorro; no entanto, na Capital, os Sapadores receberam cerca de 100 chamadas para esclarecimentos acerca da sucessão de réplicas.
Em Setúbal, curiosamente antes do abalo, caíram as ligações de comunicação em vários prédios, deixando os moradores sem acesso às televisões e Internet, o que agravou de certa forma a situação, dado que as notícias só chegaram por volta da hora de almoço do dia seguinte, com o restabelecimento das ligações.
Muitas testemunhas relataram momentos de pânico e de aflição durante e após o decorrer do abalo, com cerca de 7-8 segundos de duração. As portas abanaram e os objectos pendentes baloiçaram, tendo as portadas e prédios literalmente oscilado nos alicerces.
O tremor chegou ainda ao Porto, mas já sem alarmar as populações.

Foi um terramoto de teste, que pôs à prova a capacidade de resposta das diversas autoridades, que, num caso real, teriam de actuar, podendo fazer a diferença. Se um sismo semelhante ocorresse na zona da Margem Sul, os cenários seriam desastrosos.

O perigo iminente

Numa altura em que certos casos polémicos, nomeadamente escutas, e outros tantos embargos tendem a ser escondidos da vida pública, surgiu uma notícia, que, para variar, não é de coisas boas no nosso país: as pontes e viadutos podem cair. Desengane-se por isso aquele que pensou que em Portugal as estradas eram viáveis, visto que na verdade elas têm apenas duas facetas: contribuir para as estatísticas reveladoras das mortes nas estradas portuguesas (que a SIC e TVI fazem questão de focar com imagens traumáticas), e, agora mostrado, promover a desconfiança dos cidadãos assim que passam de carro numa ponte ou viaduto português (duvidoso, portanto).




Mas vamos ao que interessa. Vejamos os números: 170 pontes e viadutos têm problemas estruturais, dos quais 20 precisam de intervenção imediata. Quando a EP foi fazer as vistorias, ou pensava que as pessoas não davam conta, ou então que as pontes não estavam assim tão más. No entanto, se recuarmos a uns anos atrás, devemo-nos muito bem lembrar da tragédia da “Ponte entre os Rios”. Morreu muita gente, caíram carros à água, e tudo isso despoletou numerosas e variadas inspecções às estruturas (porque é preciso haver um desastre para cá se admitir que as coisas têm de ser reparadas, como foi também o caso da Praia Maria Luísa, no Algarve, onde um pedaço de falésia esmagou meia dúzia de pessoas). Após alguns dias, andavam a inspeccionar as praias do norte ao sul do continente, nem que fosse para ver se alguma pedrinha de 5 gramas podia resvalar por um montinho de areia.

Mas, meus amigos, o que é certo é que as pontes e viadutos, quer pedestres ou rodoviários, necessitam mesmo de obras urgentes. E algumas dessas vistorias apontaram para o IP3, onde pode haver segmentos que ao fim destes anos acabem por ceder. Mas acalmem-se, porque um senhor muito bem vestido da empresa EP garantiu aos portugueses que, na maioria dos sítios, o risco não está eminente, podendo nós continuar a circular por lá. Mas eu não acredito, porque quando eles dizem isso, é porque já não vão no seu Mercedes, vão de helicóptero.

Digam lá, então, o que é que não cai, não se afunda nem colapsa neste país?


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Plastificar o Ano Novo

Dois mil e nove está prestes a despedir-se em grande, pelo mundo fora. Aliás, todos os anos se despedem em grande, dando lugar aos seguintes, e é por isso que se diz, seja em que ano for, que “vai ser uma passagem de ano inesquecível e espectacular”. O problema é quando os portugueses acordam no seguinte dia e dão de caras nos seus problemas diários, entre eles a crise e o Sócrates.

Mas os anos tendem cada vez mais a plastificar-se a si próprios. Vejamos os salões de festas dos hotéis, onde decorrem os jantares de gala com artistas diversos e muito bem disfarçados, que se diga, com músicos mexicanos (que do México só têm o chapéu). A estes junte-se as bailarinas multifacetadas que tanto dançam “kan-kan” como dança-oriental adulterada, como seria de esperar. E é nestes pequenos exemplos que se realçam as plastificações. Vão desde os chapéus dos mexicanos duvidosos aos sapatos que as bailarinas calçam, por entre as pistolas baratas que recriam as armas de James Bond, na sua actuação.
Mas não é só. Assim que saímos das múltiplas festas que temos à escolha numa noite de Passagem de Ano, levamos, talvez sem repararmos, uma flute na mão. Uma flute é, nada mais nada menos, que um pedaço de plástico translúcido, com uma base de um diâmetro mínimo que permite apenas que o copo assente numa superfície, sendo a partir desse momento “copo descartável”: depois de ser usado, vai para o lixo comum, ainda com umas gotas de champanhe e baton nas bordas. E se há flutes por perto… há garrafas de champanhe, copos e talheres e demais acessórios de plastico para servir as comidas que vêm dentro de recipientes de plástico trazidos por uma qualquer empresa de “katering”.

Dia 1, pelas ruas, deparamo-nos com baldes e caixotes cheios de recipientes e pacotes abertos com garrafas saídas para fora e com muitas latas de cerveja espalhadas.

Muito bem, alguém há-de limpar! E viva o ano novo!

Passar o ano, ficar na mesma

Verdade seja dita que passar o ano em Setúbal não é festa muito mexida.

A Câmara, para variar, está a organizar um evento na tentativa de produzir um “populoso” evento da Passagem do Ano, celebração que pelo Mundo fora move milhares de pessoas e motiva milhares de espectáculos para todos os gostos, idades e carteiras. Em Portugal passar o ano também dá festa. Em Lisboa os concertos ao ar livre atraem multidões que já às 22 e 30 se agitam (talvez por causa das cervejas que beberem a mais). Com isto, no dia 1 a SIC, a RTP e a TVI terão reportagens para encher, para mostrar ao público que os técnicos do INEM, bombeiros e polícias não dormiram e estiveram de plantão a servir as populações, afastados das suas famílias.

Mas a festa que a CM de Setúbal está a organizar e a publicitar por meio de cartazes, que por pouco não voaram com a ventania que passou, tem ar de evento pouco convidativo. Ao frio vai juntar-se provavelmente a chuva, afugentando assim as poucas pessoas que tencionavam ir. Depois, o espumante de marca branca e as passas de embalagem industrial não vão satisfazer quem lá estiver, que contava com festa fina e requintada, no calor dos aquecedores a gás postos na rua… que afinal ninguém viu.

Passar o ano sem fogo-de-artifício não é passar um ano. Seja passar de 2008 para 2009, de 2009 para 2010, com crise ou sem crise, com chuva ou vento ou sem Sócrates no poder, há sempre o espectáculo que nos põe de olhos postos no céu, naqueles cenários mágicos e envolventes nos céus da noite, que ficam iluminados durante minutos com explosivos coloridos estrategicamente posicionados. Ora pois, junte-se uma música comercial dos “Black Eyed Peas” à vontade de dançar e lá temos reunidas as condições para uma passagem de ano em beleza!

Assim, em Setúbal também vai haver fogo-de-artifício. Mais que não seja, durante 5 minutos, com uma música de um CD qualquer, parte dos céus da cidade vai iluminar-se, ou seja, a parcela de céu que cobre a área verde do Jardim da Beira-Mar vai iluminar-se. Isso vai criar, seguindo o estipulado no programa festivo, uma lenta e ruidosa deslocação da massa de setubalenses pelas ruas desertas da Avenida Luísa Todi, num percurso estratégico desde o Auditório Zeca Afonso, até à Doca dos Pescadores. Eu receio, nessa parte, que o odor a peixe e a embarcações bolorentas se apodere do ambiente. Tirando isso, o champanhe irá fazer as delícias.
Dá-se a contagem, vão para o ar os confettis… e, adivinhem, estamos em 2010! É excitante, não é? No dia seguinte, dia 1 de Janeiro de 2010, vamos ver o que mudou: acordámos às 3 da tarde, ligámos a TV e vimos que, afinal, o ano tinha simplesmente avançado. Continua a haver crise, pandemia, Sócrates a governar, modelo de avaliação e contas por pagar, pobreza, guerra, aquecimento global e outros tantos problemas mundiais.

Se virmos bem, faz-se tanta festa por tão pouco, visto que o que muda são dígitos no calendário da humanidade. Os seus problemas… esses é que continuam por resolver.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Natal às fatias

O Natal é como o problema das Alterações Climáticas: toca a tudo e a todos; é universal. Mas é diferente, o Natal não é um problema, como são as alterações climáticas (que até já fazem cimeiras em Belém com bolinhos e orquestras no Tratado de Lisboa). Então, a ideia de universalidade do Natal é um tanto ou quanto desaprovada no que toca ao nosso país, onde há cidades que festejam mais a quadra festiva que outras, que se resumem às iluminações e pouco mais.

Se olharmos para as cidades portuguesas, do norte ao sul há diferenças notórias entre o investimento dado por cada uma à quadra que reúne as famílias. Em Torres Vedras, por exemplo, a autarquia organizou um pólo atractivo de visitantes, inspirado nos motivos festivos: há casa do Pai Natal, há pista de gelo natural com 560 m2, há insufláveis, há de tudo um pouco para agradar a toda gente (porque os adultos não vão fazer pinturas faciais e vão comer no restaurante, que também lá há). Por aqui logo se vê que foi dada importância ao Natal. Já o que se passa noutras cidades… não é bem o mesmo. Digamos que o Natal chegou mais “pobre” ou as autarquias não o souberam “esmiuçar” de forma a obter lucros em vez de prejuízos, pois mais vale ter um centro histórico animado, do que luzes a acender às 6 da tarde com as lojas a fechar às 5.

Mas à crise aliam-se as populações fracas de espírito festivo e tão queixosas da pandemia (e do Sócrates). Há, por isso, que apostar e arriscar para ver que, afinal, comprar uma árvore de natal gigante para pôr na Praça do Bocage, em Setúbal, não era mau pensado, junta à música ao vivo (que, obviamente, não poderia ser da Mónica Sintra). Façamos agora uma comparação final entre algumas cidades do país: em Lisboa existe a Árvore de Natal ZON que, na capital, por estes dias atrai milhares de pessoas. Em Setúbal temos a árvore de natal… no Jumbo, com umas renas mecanizadas que só mexem a cabeça da esquerda para a direita.

Em Óbidos, na Vila Natal, há neve artificial e duendes; em Setúbal nem há neve durante uma vaga de frio nem tão pouco há duendes, por isso, quanto muito homens do lixo.

Em Leiria, a aposta focou-se no comércio, e, imagine-se, em Setúbal as iluminações acesas toda a noite só atraem pessoas até às 7 da tarde, porque a loja da Mango entretanto fechou. Para finalizar, e porque Setúbal tem também Natal, cá, temos autocarros a deitar fumo do escape e na baixa de Almada as pessoas têm um comboiozinho eléctrico. Qual é a diferença? De comboio não poluente para paralelepípedo corroído rolante.

Defeitos à parte, e sem querer agora denegrir a cidade, deve ser dado valor ao esforço feito pela CM. O presépio renovado da rotunda de Portugal e as iluminações em novas artérias da cidade são de louvar. O Natal, às fatias ou em dose completa, alegra tudo e todos.

Dizimar o bacalhau

Na mesa da consoada dos portugueses não pode nunca faltar o bacalhau, que é um marco da gastronomia da típica quadra festiva. Isto porque em Portugal não há muito o hábito do peru, como nos EUA, que, para compensar, comem perus a toda a hora. E assim é: bacalhau no forno, bacalhau com natas, bacalhau espiritual… há muita variedade, não só no Natal como durante o ano inteiro.

Imagine-se pois que, enquanto as avós se entretinham na cozinha a confeccionar as iguarias para a noite de Natal em família, o bacalhau estava a entrar em extinção. A reacção? “Quero lá saber.” Pois é. Só quando restar meia dúzia destes peixes nos mares da Noruega, é que os portugueses e os outros países se vão aperceber que, afinal, o bacalhau estava em fins de vida graças a nós. Isto vem de há muitos anos. A QUERCUS (que mete o dedo em tudo) não se cansa de alertar, nem a ASAE larga os supermercados, nesta altura em que crescem as preocupações com as comezainas que se querem variadas.

A extinção do bacalhau é um assunto sério, mas enquanto nós virmos os peixes à venda na bancada do Jumbo ou nos pacotes da Pesca Nova não nos vamos preocupar. Os portugueses são assim: só às últimas das últimas é que fazem as coisas e se preocupam (por isso é que o Colombo enche no dia 24 de Dezembro, porque as presentes ainda se vão comprar ou então um foi esquecido).
Em suma, o bacalhau vai escasseando, por isso fiquem com este título jornalístico.

“Bacalhau acaba em 2048!


Até lá, coma quanto quiser que não fará diferença.


É só menos um a nadar. Multiplique por milhões de casas”

Assustados? Nem eu. Comam! Bacalhau há muito! Feliz Natal!

A crise e a pandemia natalícias

Quem pensa que é apenas a crise económica a condicionar o Natal desengane-se, porque a pandemia da Gripe A também mete as suas colheradas.

Agora os noticiários passam em nota de rodapé umas frases a dizer que o Pai Natal já não dá beijinhos às crianças e que ainda por cima lava as mãos de hora a hora. Coitado, logo aqui se percebe os efeitos de uma gripe no dia-a-dia do comércio: o beijinho do Pai Natal na fotografia do shopping já não se concretiza. Resultado: as crianças já só lá vão para se sentarem ao colo do “barbas farfalhudas” e para, em vez de bombons, receberem um KIT Gripe A que está no saco vermelho. De resto… tudo é um perigo para a saúde decretado pela DGS.
E agora vejam todas estas medidas preventivas e altamente anti-tradicionais, aliadas ao bicho da crise alimentada pelas taxas de desemprego. Para além de as compras já não serem boas e de os comerciantes já se andarem a queixar, as tradições natalícias dos centros de consumo da época já nem tão pouco se vêem.

Isto até faz lembrar um pouco a notícia dos 5 navios cruzeiros que atracam todos os dias na Madeira, carregados de turistas. Todavia, quando a televisão lá foi entrevistar os comerciantes, a resposta não foi “temos as lojas a abarrotar”, mas sim “os turistas passam mas não entram e às vezes nem se dá por eles”. Sendo assim, uma coisa é certa: ou o instituto das estatísticas tem as contas mal feitas e afinal já não desembarcam na Madeira milhares, ou então o comércio regional já não atrai clientela.

Por último, surgem ainda notícias de que nem todos os brinquedos são seguros tanto para crianças como para adultos. As peças pequenas podem ser ingeridas, as arestas afiadas podem cortar e os plásticos podem sufocar os menores. Mas é natural, dado que os brinquedos são feitos na China e depois distribuídos por cá em quantidades industriais. E variedade os pais têm muita! Até já há brinquedos no TOP!

Mas este Natal já não é o que era. Vai agravando-se com outras

coisas. Gripes, crises e alertas da PROTEST… são mais as preocupações materialistas que as tradições familiares.

Plastificar o Natal

Grandes, pequenos, farfalhudos ou compridos, cores-de-rosa, brancos, pretos ou dourados, por fim verdes… há toda uma miscelânea de pinheiros de natal à venda nas lojas já cheias pelas típicas correrias da quadra festiva.


Mas é, ao mesmo tempo, um mau exemplo: desde quando é que os pinheiros nascem, nas montanhas tipicamente americanas com neve fofinha, amarelos ou até mesmo pretos? Dir-se-ia, neste caso, que tinha havido defeito de fabrico, ou então que era uma mudança nos genes que tinha provocado a alteração súbita de cor nas folhagens do pinheiro que, para sua grande sorte, iria mais tarde encontrar uns irmãos afastados postos de plantão nas montras da “CASA” ou então da “ZARAHome”. Enfim, os pinheiros que as pessoas compram já só podem ser sintéticos, de plástico, porque os verdadeiros não podem ser vendidos para evitar os incêndios nas habitações (diz a QUERCUS). Par além do mais, teriam de ser arrancados dos terrenos, o que seria automaticamente reprovado pelas associações ambientalistas que nesta altura do ano cuscam tudo e supervisionam à procura de falhas que comprometam a estabilidade do ambiente e do planeta (porque com menos um pinheiro na terra, a Terra pode descair para o lado com menos peso).

Depois, os pais-natal duvidosos, que se metem à porta ou a tentar trepar a janela (porque eles são gordos), também dão que falar no que toca a plastificações. Aí, as tentativas de “bonequificação realista” saem falhadas, logo quando se fabricaram os pés com botas pretas que são deficientes e acolchoadas.
A juntar a isto a neve, que, como se sabe, só é verdadeira quando cai mesmo das nuvens, caso contrário, se virmos flocos no ar, ou é o nosso vizinho que está a barbear-se na varanda, ou então estamos mesmo a delirar.

Há uma tendência crescente para plastificar o Natal. Vai dos laços das caixas dos presentes às pratas dos bombons que comprámos em fim de prazo na feira do Jumbo. Se fundíssemos tudo o que era de plástico, daria poços de petróleo para enriquecer o Mundo no Natal que viesse.

O perigo iminente

Numa altura em que certos casos polémicos, nomeadamente escutas, e outros tantos embargos tendem a ser escondidos da vida pública, surgiu uma notícia, que, para variar, não é de coisas boas no nosso país: as pontes e viadutos podem cair. Desengane-se por isso aquele que pensou que em Portugal as estradas eram viáveis, visto que na verdade elas têm apenas duas facetas: contribuir para as estatísticas reveladoras das mortes nas estradas portuguesas (que a SIC e TVI fazem questão de focar com imagens traumáticas), e, agora mostrado, promover a desconfiança dos cidadãos assim que passam de carro numa ponte ou viaduto português (duvidoso, portanto).


Mas vamos ao que interessa. Vejamos os números: 170 pontes e viadutos têm problemas estruturais, dos quais 20 precisam de intervenção imediata. Quando a EP foi fazer as vistorias, ou pensava que as pessoas não davam conta, ou então que as pontes não estavam assim tão más. No entanto, se recuarmos a uns anos atrás, devemo-nos muito bem lembrar da tragédia da “Ponte entre os Rios”. Morreu muita gente, caíram carros à água, e tudo isso despoletou numerosas e variadas inspecções às estruturas (porque é preciso haver um desastre para cá se admitir que as coisas têm de ser reparadas, como foi também o caso da Praia Maria Luísa, no Algarve, onde um pedaço de falésia esmagou meia dúzia de pessoas). Após alguns dias, andavam a inspeccionar as praias do norte ao sul do continente, nem que fosse para ver se alguma pedrinha de 5 gramas podia resvalar por um montinho de areia.

Mas, meus amigos, o que é certo é que as pontes e viadutos, quer pedestres ou rodoviários, necessitam mesmo de obras urgentes. E algumas dessas vistorias apontaram para o IP3, onde pode haver segmentos que ao fim destes anos acabem por ceder. Mas acalmem-se, porque um senhor muito bem vestido da empresa EP garantiu aos portugueses que, na maioria dos sítios, o risco não está eminente, podendo nós continuar a circular por lá. Mas eu não acredito, porque quando eles dizem isso, é porque já não vão no seu Mercedes, vão de helicóptero.

Digam lá, então, o que é que não cai, não se afunda nem colapsa neste país?