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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Passar o ano, ficar na mesma

Verdade seja dita que passar o ano em Setúbal não é festa muito mexida.

A Câmara, para variar, está a organizar um evento na tentativa de produzir um “populoso” evento da Passagem do Ano, celebração que pelo Mundo fora move milhares de pessoas e motiva milhares de espectáculos para todos os gostos, idades e carteiras. Em Portugal passar o ano também dá festa. Em Lisboa os concertos ao ar livre atraem multidões que já às 22 e 30 se agitam (talvez por causa das cervejas que beberem a mais). Com isto, no dia 1 a SIC, a RTP e a TVI terão reportagens para encher, para mostrar ao público que os técnicos do INEM, bombeiros e polícias não dormiram e estiveram de plantão a servir as populações, afastados das suas famílias.

Mas a festa que a CM de Setúbal está a organizar e a publicitar por meio de cartazes, que por pouco não voaram com a ventania que passou, tem ar de evento pouco convidativo. Ao frio vai juntar-se provavelmente a chuva, afugentando assim as poucas pessoas que tencionavam ir. Depois, o espumante de marca branca e as passas de embalagem industrial não vão satisfazer quem lá estiver, que contava com festa fina e requintada, no calor dos aquecedores a gás postos na rua… que afinal ninguém viu.

Passar o ano sem fogo-de-artifício não é passar um ano. Seja passar de 2008 para 2009, de 2009 para 2010, com crise ou sem crise, com chuva ou vento ou sem Sócrates no poder, há sempre o espectáculo que nos põe de olhos postos no céu, naqueles cenários mágicos e envolventes nos céus da noite, que ficam iluminados durante minutos com explosivos coloridos estrategicamente posicionados. Ora pois, junte-se uma música comercial dos “Black Eyed Peas” à vontade de dançar e lá temos reunidas as condições para uma passagem de ano em beleza!

Assim, em Setúbal também vai haver fogo-de-artifício. Mais que não seja, durante 5 minutos, com uma música de um CD qualquer, parte dos céus da cidade vai iluminar-se, ou seja, a parcela de céu que cobre a área verde do Jardim da Beira-Mar vai iluminar-se. Isso vai criar, seguindo o estipulado no programa festivo, uma lenta e ruidosa deslocação da massa de setubalenses pelas ruas desertas da Avenida Luísa Todi, num percurso estratégico desde o Auditório Zeca Afonso, até à Doca dos Pescadores. Eu receio, nessa parte, que o odor a peixe e a embarcações bolorentas se apodere do ambiente. Tirando isso, o champanhe irá fazer as delícias.
Dá-se a contagem, vão para o ar os confettis… e, adivinhem, estamos em 2010! É excitante, não é? No dia seguinte, dia 1 de Janeiro de 2010, vamos ver o que mudou: acordámos às 3 da tarde, ligámos a TV e vimos que, afinal, o ano tinha simplesmente avançado. Continua a haver crise, pandemia, Sócrates a governar, modelo de avaliação e contas por pagar, pobreza, guerra, aquecimento global e outros tantos problemas mundiais.

Se virmos bem, faz-se tanta festa por tão pouco, visto que o que muda são dígitos no calendário da humanidade. Os seus problemas… esses é que continuam por resolver.

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