Pesquisar neste blogue

terça-feira, 20 de abril de 2010

Feliz dor de barriga!


Se disserem que a Páscoa é estar com a família, é comer borrego até encher a pança e comprar ovos da Kinder Surpresa, estão apenas a caracterizar a Páscoa como uma celebração consumista.
Consumista e não só; familiarmente interesseira também, na medida em que os netos esperam sempre umas notas de 20€ no almoço com os avós, depois de se terem lambuzado com o ovo que pouco durou, devorado pelos menores já fartos do borrego da mãe.
            A Páscoa é uma ocasião bonita, sim, onde se encontram novamente os familiares e se põe a conversa em dia, mas é também uma altura em que surgem alguns inconvenientes intestinais.
            Por alguma razão aconselham sempre na escola a “não comer muitos ovos” ou a “ter cuidado com as amêndoas”. Sim, estes avisos que todos ouvem e que entram a 100 saindo a 120 rebuçados à hora deviam ser autênticas advertências ao consumidor, autênticos despachos do Ministério Público ou da ASAE, para zelar pela integridade interior dos estômagos dos portugueses desprevenidos.
Visto que, de qualquer forma, a diminuta informação de que “este produto, consumido em demasia, pode provocar efeitos laxantes”, ou outros do mesmo ramo que, no fundo, acaba na casa-de-banho, é ignorada, não tarda nunca muito para essas tais represálias se fazerem sentir para desgosto dos mais gulosos.
Esta festa, que é a Páscoa, é uma festa matreira… É quase como o Natal que nos serve de desculpa para os excessos nas azevias ou nos bolos-rei com as apreendidas prendas pela autoridade que mete o bedelho em tudo.
No Natal todos sabem o que é bom de comer, mas o seu ícone, que é o Pai Natal (justamente um nome não muito imaginativo) não faz alusão a doçarias, antes pelo contrário.
Pelo facto de ser cheiinho, no mínimo em risco de obesidade, até serve de lição para os mais pequenos que pensam “Ah, eu não quero ficar como ele! Vou comer só mais um chocolate”.
Agora, na Páscoa é diferente. Os coelhos são confeccionados em chocolate, branco, preto, gostoso e bem embrulhado em prata dourada, e depois há as intrometidas galinhas que, na hierarquia da capoeira não quiseram ficar atrás, e para isso mascararam-se de coelhos, inventando os ovos com surpresas “made in china”.
Comendo e deglutindo, nesta Páscoa 2010, para além dos turistas que vão de férias para o Algarve, muitos outros portugueses se vão babar nas prateleiras dos hipermercados ao ver as amêndoas e ovos e vistosos folares. Tudo é bom, decerto, mas tudo causa dor de barriga… quando se come em demasia.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comente os artigos deste blog!