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terça-feira, 20 de abril de 2010

"Mobilodependência"


É tão usual que já nem damos conta, e o que é certo é que já não há adolescentes como antigamente. Agora os namoros são à distância, as cartas coloridas são via electrónica e até os beijos qualquer dia são em três dimensões. As tecnologias invadiram-nos o Mundo… e tão cedo não despegam.
            As telecomunicações facilitaram muito as nossas vidas. Dissemos “adeus” aos monos dos telefones de caixa e de fio de meio metro que existiam só para os mais abastados e dissemos “olá” às últimas gerações de dispositivos que nos permitem uma ligação instantânea ao Mundo: os telemóveis, computadores e Internet. Mas esta adesão em massa está a causar graves problemas (que não se restringem às negligenciadas radiações malignas). 
            De acordo com um estudo do INE (Instituto Nacional de Estatística), a esmagadora maioria dos jovens com idades entre os 10 e os 15 anos usa telemóvel; ou seja, 84,6% dos jovens tem aquele indispensável aparelho que vive com eles todos os santos dias, desde o despertar até à mensagem de “boa-noite” para a namorada. Se esta percentagem não assusta, atentemos nos hiperbólicos números que se seguem: são enviados 236 “sms” por semana, há mais de 125 contactos em cada aparelho, e, aos 16 anos, cada jovem já teve mais de três telemóveis. Agora sim percepcionamos a verdadeira realidade da obsessão e dependência dos engenhos, que quando surgiram, serviam apenas para telefonar. Mas hoje não; hoje, se olharmos para um adolescente qualquer, depressa descortinamos a fina caixa com ecrã luminoso onde se exibem todos os tipos de mensagens, fotografias, páginas da Internet, músicas e afins. Sim, porque até a Internet foi pôr o bedelho nos telemóveis. Para além dos sms’s podemos ir à página do Facebook ou do Twitter, que são das redes sociais mais badaladas. Hoje em dia, não ter uma página social equivale a não ter ADN e, consequentemente, a já não conhecer personalidades.
            As camadas jovens usam e abusam dos dispositivos e deixam-se levar pelas infinitas capacidades e serviços prestados “na vanguarda da comunicação”. Seja num almoço em família, onde está a ser enviada a mensagem para combinar a saída logo à noite, seja na praia ou à porta do cinema, nas aulas e até na casa-de-banho, o telemóvel é omnipresente em todas as circunstâncias, até nas situações mais ridículas onde um colega manda uma mensagem para o outro que está a 3 metros de distância.
            A “mobilodependência” é apenas um título para a nova pandemia revolucionária que se espalhou pelo mundo. Hoje tudo está ao alcance de um clique. Um fenómeno que tenha ocorrido no Brasil pode estar meia hora depois a chegar ao conhecimento de uma rapariga que passeia por Lisboa.
Neste prisma suspeito, um jovem estar sem telemóvel é como uma caneta estar sem tinta.

 

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