Outra das maiores cargas dos trabalhos relaciona-se com as refeições, tão importantes e indispensáveis (que para mim nem são assim tanto), estejamos no campo ou na cidade, sendo que por esta ordem de ideias quem vive no oceano ou numa ilha não come. Pois, e como vão ver (neste caso ler), confeccionar uma refeição mesmo na tenda dá de facto trabalheira; trabalheira que era contornada (e muito gostamos nós portugueses de contornar coisas!) comendo no restaurante do parque… se houvesse algum, o que neste caso não se verifica. Por isso, vamos mesmo ter de cozinhar na tenda…
As condições para se fazer e comer a comida não são nada do que possam imaginar (porque se calhar estão a pensar em guardanapinhos de pano, pratinhos e copinhos da Vista Alegre, talheres de Inox, música ambiente com violinos e até numa máquina milagrosa que faz tudo sozinha - a Bimby). No camping não há mesmo nada disso, por isso há que desenrascar. Se quiserem um fogão, o mais que se pode amanhar é uma botija azul da CampingGás (que funciona a fósforos) com uma base metálica por cima onde são colocadas as panelas de metal um pouco poeirentas, com doses duvidosas de arroz, que são sempre mais fáceis de fazer. A acompanhar o arroz temos umas “salsichas à lá campingue”, enriquecidas com uma alface trazida de casa (e seguramente já não muito saudável) mas que ainda se ingere, que por outras palavras ainda “marcha”.
Depois de fazermos o arroz e de quase pegarmos fogo à tenda do lado, podemo-nos sentar nuns banquinhos multi-funções e começar a retirar do pacote da Auchan os pratos de plástico, os copos e os talheres (ainda de plástico) com que iremos espetar o fiambre de marcas brancas, juntamente com umas aguinhas quentinhas acabadas de sair do forno do carro (ou se conseguirmos arranjar, com uns escritos à portuguesa “fruteas aice teas” de marcas duvidosas, vindas de Espanha).
E assim comemos com os pratos e tudo em cima dos joelhos, porque a mesa de campismo já não coube no carro (vá-se lá saber porquê). E depois… o ambiente de que tanto estavam à espera! Em vez dos violinos (que vos passaram pela cabeça não sei porquê – deve ser por andarem a ver muito filme romântico; é o que dá) temos as não menos agradáveis sinfonias melodiosas e bem cheirosas… que nos chegam das casas de banho a escassos metros da tenda. É do género “♫ prooooooummmmmm (som do autoclismo) mais ♪ pum! (som da porta escancarada a fechar-se) mais ♫ tcheeeee (som da água barrenta que sai das torneiras onde as pessoas lavam as mãos)”. São giríssimos os concertos de que dispomos ao jantar à porta dos balneários, não são? São de borla e até são melhores que os do CCB! CCB: Centro Com Buracos financeiros, em Lisboa.
Serve-se agora a esplêndida refeição final: arroz branco com salsichas, alface e batata-frita, ice tea de aroma não-identificado e fiambre de marcas brancas.
É assim que se come no campismo: à base de comida-rápida comprada em mercearias, acompanhada de refrigerantes “saudáveis” açucarados. É bom para engordar, é bom para poupar: é o que se quer.
Pesquisar neste blogue
sábado, 7 de novembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente os artigos deste blog!